John Elkington é um nome conhecido quando se fala em ESG e sustentabilidade. Ele foi um dos fundadores do movimento e é tido como “padrinho da sustentabilidade” com seus mais de 50 anos de carreira e 21 livros publicados como autor/co-autor. Ao participar do Fórum de Sustentabilidade da Amcham, realizado nesta segunda-feira (28/04), Elkington trouxe sua experiência sobre como o mundo enxerga a sustentabilidade. Neste ano, o Fórum Econômico Mundial publicou uma tabela com as prioridades eleitas pelos membros para os próximos 10 anos e as 4 primeiras são relacionadas à sustentabilidade e o especialista tira duas conclusões: que é inevitável a transição sustentável e que não será fácil (ao contrário, será politicamente muito desafiador).

Elkington também aponta que houve uma explosão de relatórios de sustentabilidade, o que garantiu o acesso à muita informação, porém, quando se olha para ação, pouca coisa está sendo feita. Ele avalia que, cada vez mais, a sociedade vai acompanhar o que as empresas prometem e o que estão realmente cumprindo; para o autor, não haverá espaços para as empresas que querem somente ganhar prêmios ou ficar entre as melhores nas listas de sustentabilidade. Elkington acredita que estamos entrando em uma “recessão ESG”, que vai se intensificar por mais algum tempo, e cita que é algo saudável, que “ESG estava precisando de um choque de realidade e que sairemos mais fortalecidos”. A avaliação é a de que estamos entrando em um período crucial e que levaremos 5 a 6 anos para ter um cenário um pouco mais estável. E dos países que estão se alinhando de melhor maneira com esta nova realidade ele cita a China, que, apesar de não falar de sustentabilidade, é um dos países que mais está seguindo o caminho (com energia solar, eólica, muito investimento em baterias eficientes).

A previsão de Elkington de maneira geral é um tanto sombria: em 2030 os objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS) não terão sido alcançados, contudo, acredita que a agenda de sustentabilidade terá um papel mais relevante após este declínio momentâneo. O especialista apresenta 3 pontos chave para o momento: responsabilidade em um mundo desglobalizado, resiliência com desastres climáticos se intensificando e regeneração, não só ambiental, mas econômica, social e política. “Haverá turbulência mas teremos uma acomodação e a agenda sustentável continuará sendo o centro para liderança, estratégica de negócios e modelos de negócio futuros”, comentou.

Com esse cenário complexo, ainda que momentâneo, globalmente, teremos consequências nos mercados, muita resistência política, colisão de superpotências (usou como exemplo BYD e Tesla) e tensão geopolítica. O mundo assiste uma crescente resistência a assuntos ligados à agenda de sustentabilidade, inclusive alguns retrocessos (como o caso da União Europeia recentemente) e Elkington aponta que não só governos, mas empresas privadas têm retrocedido em seus compromissos sustentáveis. Ele se mostrou preocupado com o quanto de energia a inteligência artificial e os data centres consomem atualmente, mas ressaltou que, se usados da forma correta, nos levarão a bons caminhos.

Sem comentários registrados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *