Para quem acompanha o noticiário sobre o clima tem notado o aumento de catástrofes ambientais mundo afora, além de eventos climáticos que fogem às rotinas de diversas localidades. Belém (PA), próxima sede da COP30, é apontada como candidata a se tornar um dos locais mais quentes do mundo. São Paulo, a cidade mais rica do Brasil, sofre cada vez mais com enchentes e secas. Isso apenas para falar da crise climática. Se olharmos todas as ameaças que aplacam o mundo neste momento, não surpreende (mas assusta) o anúncio de que o Relógio do Juízo Final foi ajustado para 89 segundos para meia noite, o mais próximo de uma catástrofe global em 78 anos.

O Relógio do Juízo Final é ajustado pelo Boletim dos Cientistas Atômicos (BAS, da sigla em inglês), em conjunto com seu conselho, que inclui figuras vencedores do Prêmio Nobel. Em comunicado com a atualização, o BAS diz que Estados Unidos. China e Rússia são os principais responsáveis pela situação atual e afirma que o mundo pede uma ação imediata.
Diversos fatores são levados em consideração para calcular o tempo do Relógio do Juízo Final, entre eles: ameaças de bombas nucleares, crise climática, ameaças biológicas e até tecnologias emergentes, como inteligência artificial (IA). A mudança mais recente no relógio havia sido em janeiro de 2023, quando ficou ajustado em 90 segundos para meia noite.
Inteligência artificial e clima
O presidente do conselho de segurança do BAS e professor da Universidade de Chicago, Daniel Holz, afirma que é preciso iniciar uma conversa global sobre ameaças reais à existência humana. “Líderes globais precisam começar esse diálogo sobre riscos globais antes que seja tarde.”
A sequência de problemas e a baixa disposição de lideranças globais em tentarem reverter o curso das coisas preocupa a entidade. Igualmente preocupante, eles entendem a aplicação da inteligência artificial. Para Herb Lin, membro do conselho do BAS e pesquisador na área de ciberpolítica na Universidade de Stanford, revela que a possibilidade de integrar IA à armas de guerra levanta questões sobre até que ponto as máquinas poderão fazer ou suportar decisões militares.
“Mesmo que um humano tenha a decisão final em armas nucleares, como e quando a IA deveria ser aplicada como suporte à decisão? Como devemos refletir sobre a letalidade de armas autônomas, que identifica e destrói um alvo sem qualquer intervenção humana”, questiona Lin.
Outra preocupação crescente é justamente o assunto utilizado para abrir esse texto: o clima. Não à toa, Robert Socolow, também membro do conselho do BAS, lembra que 2024 foi o ano mais quente da história. “Temperaturas extremas e outros eventos climáticos devastaram sociedades, ricos e pobres, bem como comprometeram ecossistemas ao redor do mundo. Ainda assim, as emissões de gás de efeito estufa seguem em alta”. O especialista entende ainda que os investimentos para se adaptar às mudanças e reduzir uso de combustíveis fósseis seguem aquém do necessário.
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