Apenas três das dez empresas brasileiras com melhor reputação corporativa atingiram a igualdade salarial, conforme levantou o Coletivo.tech. Uma breve investigação dos relatórios de sustentabilidade e de diversidade das dez líderes do ranking de empresas com melhor reputação no Brasil em 2024, conduzido pela Merco, demonstra as significativas disparidades de gênero no mundo corporativo.
Natura (1º lugar no Merco 2024), Google (6º) e Nubank (10º) alcançaram a equidade salarial total entre homens e mulheres, conforme nossa análise do ranking.
Em 2023, a Natura atingiu a equidade salarial de gênero na região e de raça no Brasil. Segundo seu relatório integrado, o conselho de administração da Natura possui um terço de mulheres em sua composição. Em 2023, as mulheres representavam 49,3% da equipe sênior, abaixo da meta de 50% definida para 2024.
Já o Google ajustou a remuneração de 553 funcionários em todo o mundo em 2024 para garantir a igualdade salarial, com um total de US$ 2,9 milhões em aumentos, aponta o último relatório global de diversidade da big tech. A empresa também informou que 32,8% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres. Em fevereiro, a big tech anunciou o abandono de metas de contratação por diversidade e a revisão de seus programas de DEI (diversidade, equidade e inclusão), como reflexo das políticas de Donald Trump nos Estados Unidos.
O Nubank, por sua vez, praticamente alcançou igualdade salarial plena em 2023, quando o salário mediano das mulheres representou 99% do salário mediano dos homens para o mesmo trabalho, mesmo cargo, nível hierárquico e tempo na função. A diferença de 1% está dentro de uma margem considerada não significativa, mas a empresa reforça o compromisso com a paridade total. As mulheres ocupam 44% dos cargos de gestão no Grupo Nu, incluindo posições de liderança.
Equidade no ranking
Dentre as outras líderes do ranking Merco 2024, o Mercado Livre (2º) não menciona em seu relatório de 2023 explicitamente a equidade salarial total. Cerca de 28% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres na companhia.
A Ambev (3º) também não informa a paridade de salários, apesar de salientar que busca garanti-la. O conselho de administração da Ambev é composto por 11 membros efetivos, dos quais três são mulheres. O gênero feminino representa 39,42% do quadro de liderança da empresa, conforme seu relatório de sustentabilidade de 2024.
O Grupo Boticário (4º) também não atingiu a igualdade salarial em 2023, sendo que das onze pessoas que compõem o conselho, quatro são mulheres. Por outro lado, a empresa relata que 56% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres.
Em 2023, a razão salarial entre gêneros em cargos de diretoria do Itaú Unibanco (5º) era de 1,00, indicando igualdade salarial nesse nível. No entanto, em outros níveis hierárquicos, como gerência e coordenação, essa razão variou, sugerindo desafios de igualdade salarial na organização.
A Nestlé (7º) também não explicita que a igualdade salarial total (100%) foi alcançada em seu relatório global. Em 2023, a empresa foi incluída no Bloomberg Gender-Equality Index pelo quinto ano consecutivo, reconhecendo sua transparência e esforços em equidade salarial.
Na Toyota do Brasil (8º), a proporção salarial entre mulheres e homens variou por categoria em 2022. Mulheres recebiam 96% do salário dos homens em cargos de diretoria, 85% na gerência geral e 40% no team member.
Por fim, a proporção salarial entre mulheres e homens do Magazine Luiza (9º) varia por cargo, segundo seu relatório de sustentabilidade de 2023. Na diretoria, as mulheres recebem 95% do salário-base e 93% da remuneração total em comparação aos homens. Em cargos operacionais, a proporção é menor, como 0,23 para salário-base em coordenação, indicando disparidades.
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