
Dizer que proporcionar acesso a saque de dinheiro em espécie é uma forma de incluir pessoas pode parecer estranho para quem vive em grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília ou Porto Alegre, onde boa parte da população efetua pagamentos com cartões ou utilizando seus dispositivos móveis. Um país com dimensões continentais e desigual como Brasil, no entanto, convive com realidades tão distintas que até o acesso ao dinheiro da sua conta bancária pode estar cercado por barreiras físicas.
Em áreas remotas no Norte do País, por exemplo, uma pessoa pode levar muitas horas e usar diversos modais de transporte até conseguir acessar um caixa eletrônico ou uma agência bancária. Foi na tentativa de solucionar esse gap que, há 4 anos, a Tecban desenvolveu o Atmo, uma espécie de caixa eletrônico portátil que garante a milhares de pessoas o acesso a alguns serviços bancários sem a necessidade de sair de sua comunidade.
Do lançamento do produto até o momento, são 1.200 terminais implantados em todo o País, com prevalência no Norte e Nordeste e a expectativa da fabricante e chegar a 2 mil terminais, como contou durante o Febraban Tech 2025 a Chief Sales Officer (CSO) da empresa, Karine Barros. O Atmo entra como uma solução que pode atender a instituição financeira na questão da proximidade com o cliente”, explicou a executiva. “A gente não imagina. quando está num centro como São Paulo ou Rio de Janeiro, a importância do dinheiro em espécie, mas quando você vai para os interiores é muito grande. Quanto mais a gente se afasta, mais importante, mais relevante o dinheiro se torna.”
A Tecban conta atualmente com 24 mil equipamentos tradicionais espalhados pelo território nacional, que são os conhecidos caixas eletrônicos vermelhos com a marca Banco 24 horas, mais os 1,2 mil Atmos. Eles garantiram o processamento de 1,3 bi de transações em 2024, entre saques, pagamentos de conta, consultas, depósitos.
Mas voltando ao Atmo, a chegada desse ATM compacto acontece por meio de parcerias com varejistas locais que ainda contam com muito recebimento de dinheiro em suas vendas. Com isso, o morador em vez de sair da comunidade e ir para outro município para acessar o dinheiro, vai à loja local, efetua a transação e saca. Além de melhorar o acesso e evitar deslocamentos, o produto promove impacto na economia local, já que a pessoa tende a gastar o dinheiro localmente e não na cidade vizinha, e contribui com o varejista que não precisa transportar 100% do dinheiro em espécie que foi recebido pela loja em suas vendas.
Como caso de sucesso, Karine compartilha a cidade de Oeiras do Pará (PA), localizada na floresta amazônica. O acesso a banco por lá se dava com a agência-barco da Caixa, a cada 3 dias. Eles instalaram um Atmo num parceiro e, atualmente, são 3 terminais na cidade. “O pessoal começou a procurar e aí vira um polo, né? Porque a população local se serve, mas também as pessoas que tão naquela região, que viajam uma hora em vez de 3 horas de barco até a cidade mais próxima.”
A cidade se converteu, assim, em campeã de transações pelo equipamento. O que esse caso mostra é que era uma cidade desassistida, mas com potencial, já que havia no local um parceiro capaz de processar milhares de transações. Os motivos para falta de acesso em cidades espalhadas pelo Brasil são variados e passam por infraestrutura física, digital ou mesmo pela complexidade de se transportar valores e manter equipamentos tradicionais com manutenção em dia em localidades remotas, afora os casos de baixa movimentação que inviabilizam economicamente esse tipo de operação.
Dessa maneira, soluções compactas e que driblam o problema da conectividade resolvem. No caso do Atmo, a conectividade é resolvida com muita tecnologia e uso de dois chips de diferentes prestadores de serviço para garantir a disponibilidade, hoje na casa de 96,5%. “A gente tem uma solução de monitoramento remoto, então, se uma (conexão) perdeu qualidade, a gente coloca a outra para assumir e se, ao longo do tempo, a gente entender que aquela não é a melhor dobradinha, a gente faz a revisão.”
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