Paulo Moraes, diretor-geral da LANDtech e cofundador do Talenses Group

Por Paulo Moraes*

Com mais de 17 anos de experiência no recrutamento especializado e liderando a prática de Tecnologia e Digital da LANDtech, emresa do Talenses Group, tenho acompanhado de perto a evolução do papel dos CIOs e CTOs no Brasil. Com o tempo, esses profissionais tornaram-se protagonistas da transformação dos negócios.

Recentemente, um artigo da revista CIO reforçou percepções que vejo diariamente no mercado: a agenda dos líderes de tecnologia está mais estratégica, orientada à geração de valor e à construção do futuro das organizações. Compartilho aqui os temas que têm dominado essas conversas.

Transformação digital como estratégia central

O antigo conceito de “projetos de TI” cedeu lugar a uma abordagem em que a tecnologia impulsiona a estratégia empresarial. Segundo o relatório TEKsystems’ 2025 State of Digital Transformation, 85% das empresas consideradas líderes digitais já adotaram essa abordagem estratégica, enquanto apenas 44% das empresas consideradas menos maduras a adotaram até agora. A maturidade digital é hoje um diferencial competitivo claro.

Criação de valor

Os CIOs estão focados em transformar dados em valor. De acordo com o State of the CIO 2025, 38% priorizam a monetização de dados, 35% investem na experiência do cliente e 32% concentram-se em novas fontes digitais de receita. Vejo uma demanda crescente por líderes com visão estratégica e habilidade para conectar tecnologia a resultados de negócio — seja para gerar receita, seja para reduzir custos.

Impacto prático da Inteligência Artificial

Nos últimos meses, tenho observado como a IA passou a ser protagonista em praticamente todas as conversas estratégicas com clientes. Líderes que buscam profissionais especializados nesse segmento têm enfatizado claramente que o objetivo é levar a IA além de experimentos e testes: o foco agora é gerar resultados concretos.

Um levantamento recente do Gartner (2025 CIO Leadership Perspective) reforça essa tendência ao indicar que mais de 70% dos CIOs planejam aumentar seus investimentos em IA de forma significativa ainda neste ano, buscando ganhos imediatos em automação, eficiência operacional e experiência do consumidor.

Segurança da IA e governança

A segurança e governança da IA surgiram como novos desafios importantes. Como destacou a revista CIO, a IA abriu novas frentes de vulnerabilidade e riscos, como o risco crescente de contaminação dos modelos e questões relacionadas à transparência.

Percebo claramente essa preocupação refletida nas demandas de recrutamento: profissionais capazes de implementar governança robusta para IA, modelos éticos e transparentes têm sido altamente valorizados pelo mercado.

Segurança corporativa como prioridade permanente

A segurança da informação continua sendo prioridade absoluta na agenda dos CIOs, conforme apontado pela pesquisa do Gartner, que mostrou que, pelo quarto ano consecutivo, líderes consideram segurança cibernética e gestão de risco como suas principais prioridades.

Não é diferente no mercado brasileiro: empresas buscam líderes com capacidade de equilibrar inovação e segurança, especialmente em um cenário cada vez mais complexo e regulado pela LGPD.

Experiência do cliente como vantagem competitiva

Melhorar a jornada do cliente se tornou prioridade constante. Ferramentas como analytics, automação inteligente e machine learning estão sendo aplicadas para gerar experiências personalizadas e consistentes. Segundo a McKinsey, empresas com estratégias robustas de CX têm até 30% mais chances de alcançar crescimento sustentável em receita.

Fundamentos sólidos de TI

Apesar do foco em inovação, os líderes não perderam de vista a importância da base tecnológica. Investimentos em infraestrutura estável, arquitetura escalável e integração de sistemas permanecem indispensáveis. Profissionais com habilidades técnicas sólidas e experiência em ambientes complexos continuam sendo altamente valorizados.

Modernização tecnológica

A modernização segue como prioridade — especialmente com a adoção de cloud-first. Segundo o IDC, mais de 60% das empresas já migraram para a nuvem, mas ainda enfrentam desafios com sistemas legados e restrições regulatórias. A demanda é por profissionais que consigam liderar essas transições com segurança e estratégia.

Reimaginando a TI para o futuro

Líderes estão redesenhando a TI com foco em flexibilidade e adaptabilidade. Tecnologias como microsserviços e arquiteturas modulares ganham espaço. Modelos operacionais “AI-first” — mais enxutos, ágeis e centrados na colaboração entre humanos e máquinas — já estão em implantação, segundo estudo da Accenture. Mais do que novas ferramentas, isso exige uma transformação cultural.

Minha visão como especialista em recrutamento

Ao refletir sobre os principais desafios identificados no artigo da CIO e conectá-los com minha experiência prática, entendo claramente o que hoje define um líder de TI bem-sucedido no Brasil: é aquele profissional que domina não apenas tecnologia, mas que também consegue traduzir inovação tecnológica em resultado de negócio, mantendo o olhar atento para governança, segurança e experiência do usuário.

Esses líderes não apenas implementam tecnologia; eles moldam o futuro das organizações. E meu papel é justamente ajudar empresas a identificar e atrair esses profissionais tão essenciais para o sucesso futuro.

*Paulo Moraes, diretor-geral da LANDtech e cofundador do Talenses Group

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