
Um sistema desenvolvido por um engenheiro formado pela USP pode marcar um novo capítulo no saneamento básico brasileiro. Trata-se da MicroETE Aeko, microestação de tratamento de esgoto que funciona por gravidade, sem necessidade de energia elétrica, demanda manutenção mínima e alcança até 95% de eficiência. A solução foi pensada para comunidades rurais e isoladas, oferecendo um modelo prático, acessível e em conformidade com a nova norma técnica nacional.
O projeto é assinado por Danilo Camargo, engenheiro ambiental e civil, mestre em saneamento pela USP e presidente da Aeko Engenharia, fundada em 2014. A empresa tem foco em soluções de saneamento ambiental voltadas para áreas de difícil acesso, incluindo comunidades quilombolas e indígenas.
Em entrevista ao podcast Mundo Regenerativo, Camargo destacou que a tecnologia busca suprir uma lacuna histórica: “De acordo com o IBGE, 65,4% da população brasileira tem acesso simultâneo à água encanada e à rede de esgoto. Diante desse cenário, a MicroETE Aeko apresenta uma solução revolucionária, com tecnologia capaz de expandir o saneamento de forma rápida, eficiente e acessível onde antes parecia inviável”.
Tecnologia homologada
Desenvolvida dentro da USP, a tecnologia passou por pesquisa aplicada e testes de laboratório. Já homologada pela Sabesp (SP) e Copasa (MG), a microestação está em processo de homologação junto à Sanepar (PR). O modelo se diferencia pelo potencial de expansão e pelo baixo custo de implantação, podendo ser usado em residências, hotéis, canteiros de obras e até grandes eventos.
A inovação chega em um momento decisivo para o setor. A nova NBR 17076/2024 exige que mesmo soluções individuais contemplem tratamento completo: primário, secundário e terciário. Além disso, a tecnologia dialoga com as metas do Marco Legal do Saneamento, que determina cobertura de 90% de esgoto tratado até 2033. Hoje, quase 90 milhões de brasileiros ainda estão fora desse serviço essencial.
Com custo acessível, alta eficiência, facilidade de uso e aplicabilidade em diferentes contextos, o sistema desenvolvido mostra como alternativas prática podem contribuir para acelerar a universalização do saneamento no Brasil, mudando a realidade de milhões de pessoas que ainda vivem sem acesso a esse serviço básico.
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