Adaptação climática na agricultura africana
Imagem: Divulgação

A NEC Corporation, em parceria com a startup norte-americana ClimateAi, desenvolveu um modelo conceitual que mede a eficácia e o retorno sobre o investimento de medidas de adaptação às mudanças climáticas no cultivo de cacau e arroz na África. A iniciativa combina a plataforma de resiliência climática da ClimateAi, baseada em previsões de longo prazo, com a experiência da NEC em agritech, oferecendo um avanço inédito na avaliação de políticas agrícolas diante do aquecimento global.

O projeto foi apresentado na TICAD Business Expo & Conference – Japan Fair, evento realizado em Yokohama (Japão) durante a 9ª Conferência Internacional de Tóquio sobre o Desenvolvimento da África (TICAD 9). A proposta destaca o papel das tecnologias digitais como ferramentas para enfrentar um dos maiores desafios do continente africano: manter a produtividade agrícola em um ambiente climático cada vez mais instável.

Um gargalo da adaptação climática

Embora ações de mitigação, como a redução de emissões e o mercado de créditos de carbono, já estejam em curso, medidas de adaptação ainda avançam lentamente. Um dos principais entraves é a dificuldade em mensurar custos e benefícios. A agricultura, altamente vulnerável a oscilações de temperatura, disponibilidade hídrica e mudanças no solo, carecia de modelos que integrassem dados climáticos e econômicos para apoiar as decisões de investimento.

O sistema desenvolvido pela NEC e ClimateAi utiliza inteligência artificial para analisar fatores que influenciam o crescimento agrícola e calcular o retorno esperado das medidas de adaptação. Entre elas, estão a introdução de sistemas de irrigação, o uso de variedades de cultivos mais resistentes e a alteração do calendário de plantio.

Impactos para cacau e arroz

A análise inicial se concentrou em duas culturas estratégicas: o cacau, na qual a África lidera a produção global, e o arroz, alimento essencial para a segurança alimentar regional. As simulações indicam que a adoção de tecnologias de irrigação e a substituição por variedades adaptadas podem manter e até ampliar a produtividade, reduzindo perdas econômicas e fortalecendo a resiliência do setor agrícola.

Além de apoiar agricultores locais, o modelo fornece subsídios para organizações internacionais, bancos de desenvolvimento e investidores privados avaliarem a viabilidade econômica de projetos. A expectativa é que o sistema se torne um instrumento para destravar recursos financeiros e acelerar a implementação de soluções climáticas em larga escala.

Segundo as empresas, a aplicação desse modelo poderá ser expandida para outros setores ligados à adaptação climática, incluindo indústria de infraestrutura e cadeias de suprimentos da manufatura. Ao quantificar riscos e benefícios, a iniciativa pretende reduzir barreiras de entrada para o setor privado e estimular a formação de novos negócios, usando a tecnologia baseada em dados para promover o financiamento da adaptação às mudanças climáticas.

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