Deep Tech Summit 2025
Foto: Stephani Saverio no Deep Tech Summit 2025

O segundo dia do Deep Tech Summit 2025 teve forte participação internacional e compartilhamento de cases de sucesso de startups brasileiras que se destacam no cenário global. Desde as estruturas de apoio para o desenvolvimento tecnológico até as mais complexas e relevantes pesquisas científicas que levam à descoberta de novos tratamentos, a inovação foi assunto presente durante o Summit.

Apoio à inovação tecnológica é um dos principais fatores para o desenvolvimento econômico de um país, e a China sabe bem disso. Durante o evento foi apresentada uma das estruturas que atua há mais de três décadas fomentando a inovação, a TusHoldings. Criada em 1994 a partir da Universidade Tsinghua, a organização evoluiu de braço de transferência tecnológica para uma rede global de incubadoras, parques tecnológicos e cidades científicas. Wang Fei, CEO da TusStar (uma das subsidiárias do grupo em Singapura), contou sobre os mais de 300 centros de inovação espalhados pela China e a expansão internacional com presença na Europa, Ásia, África e América Latina.

O portfólio é impressionante com ativos avaliados em 220 bilhões de Yuans (equivalente a aproximadamente R$ 150 bilhões). No cenário global, o grupo mantém cooperação com governos, apoia a internacionalização de empresas chinesas e oferece soft landing para companhias estrangeiras interessadas no mercado chinês. A atuação inclui ainda a promoção de grandes eventos de inovação na China e em países próximos. A TusStar também é responsável pelo modelo de negócios que combina incubação de startups, investimento-anjo e capacitação – um ponto de destaque pois além de financiar, também proporciona conhecimento de como empreender.

Rede de inovação ampliada

Deep Tech Summit 2025
Foto: José Menezes no Deep Tech Summit 2025

E capacitação é justamente um dos avanços recentes da Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial), que em pouco mais de um ano lançou 9 Centros de Competência Embrapii. Estes centros foram criados para gerar conhecimento em áreas de fronteira global, como cibersegurança, biotecnologia, terapias avançadas e inteligência artificial, permitindo inovação aberta e a formação de talentos, conectando empresas brasileiras às tendências internacionais. José Menezes, Market Relations Manager da Embrapii, explicou a atuação da Embrapii como articuladora da inovação industrial no Brasil já tendo financiado mais de 3.500 projetos em P&D, movimentando R$ 6,7 bilhões e resultando em 1.360 registros de propriedade intelectual.

O modelo de coinvestimento da Embrapii favorece especialmente startups e pequenas empresas, que conseguem acessar projetos de alta complexidade tecnológica com custos reduzidos, em parceria com o Sebrae. Menezes ressaltou que 2/3 das empresas atendidas são de pequeno porte e que a iniciativa tem ampliado sua rede com 91 unidades e cerca de 18 mil pesquisadores. Demonstrando que o modelo contribui para transformar ideias em negócios de impacto social e ambiental, as soluções em saúde, biotecnologia, deep learning e bioenergia são destaque entre as empresas apoiadas, como a Kunumi, a NeuralMind AI e a Nintx, que apresentou seu case durante o evento.

Natureza e tecnologia trabalhando juntas

A biodiversidade brasileira é uma das mais ricas do mundo, e a Nintx está usando tecnologia para extrair o melhor do que temos. Fundada em 2021 por três executivos com longa trajetória na indústria farmacêutica, a biofarmacêutica nasceu com o propósito de combinar a biodiversidade com inteligência artificial, metagenômica e plataformas de simulação do microbioma para desenvolver terapias voltadas a doenças multifatoriais, como Alzheimer, câncer, doenças autoimunes e metabólicas.

A descoberta de novas medicações a partir de produtos naturais tem sido possível graças a ferramentas modernas que conseguem decifrar compostos complexos presentes em plantas e microrganismos. Segundo Stephani Saverio, CEO e Co-Fundador da Nintx, isso abre espaço para terapias “multitarget”, mais adequadas para condições que não respondem a medicamentos focados em um único alvo biológico. Dois projetos que estão em fase avançada são o NTX-03, voltado à regeneração cardíaca (recuperar o tecido do coração após um infarto) e o NTX-06, que busca tratar doenças inflamatórias intestinais com um produto natural desenvolvido com IA. Entre os apoiadores da Nintx estão o fundo Pitanga e a FINEP.

Novo sinal vital descoberto

Deep Tech Summit 2025
Foto: PlinioTarga no Deep Tech Summit 2025

Quando o investimento é em inovação na saúde, a FINEP é participante ativa de diversas deep techs, entre elas a Brain4Care. A startup desenvolveu uma tecnologia inédita para monitoramento cerebral não invasivo. Através da descoberta científica de que o crânio humano pulsa (algo que até então era desconhecido) e da validação deste novo sinal vital, foi criada a tecnologia capaz de prever e evitar danos neurológicos graves. O CEO da Brain4Care, Plinio Targa, revelou que a tecnologia permite detectar alterações intracranianas em apenas 20 segundos, com apoio de algoritmos de inteligência artificial, e já está regulada pela Anvisa e pelo FDA.

Acumulando mais de 40 patentes em 36 países, a deep tech já alcançou 35 mil pacientes monitorados em hospitais e centros de pesquisa no Brasil, EUA e Europa. Com um mercado estimado em US$ 8 bilhões, a Brain4Care inovou também na forma de captar recursos, estruturando fundos próprios para atrair investidores. A relevância da descoberta feita pela empresa se reflete no grande número de publicações científicas e no reconhecimento dado pelo World Economic Forum como “Technology Pioneer”, destacando a deep tech brasileira na agenda internacional sobre saúde cerebral.

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