
Transformar subprodutos do café e do cacau em ingredientes funcionais de alto valor nutricional, combinando tecnologia proprietária com sustentabilidade. Este é o propósito apresentado durante o Deep Tech Summit 2025 pela Cellva, empresa aplicada ao setor de alimentos e ingredientes que integra ciência, eficiência industrial e impacto social.
A trajetória da Cellva se concentra em transformar subprodutos da cadeia produtiva do café e do cacau em ingredientes de alto valor nutricional, com foco em sustentabilidade e eficiência industrial. Desde o início foi utilizada tecnologia proprietária de encapsulamento, para garantir a biodisponibilidade adequada dos nutrientes e proteção dos compostos bioativos até o consumo final.
O modelo surgiu a partir de duas frentes: aproveitar matérias-primas locais, muitas vezes desperdiçadas (como cascas de café, polpas e mucilagens) e criar produtos que atendam à demanda global por alimentos naturais e funcionais. O fundador e CEO da Cellva, Sérgio Pinto, explicou que estudos internos mostraram um grande desperdício nas produções de café e cacau. “80% de tudo que o produtor produz é desperdiçado. Aí vai embora mucilagem, vai embora casca, vai embora a polpa, vai embora o pergaminho. Quando a gente olha para o modelo de produção animal, 99,7% de um frango quando abatido tem uma destinação”, frisou o executivo.
Esses números revelaram uma grande oportunidade para reduzir desperdício e gerar impacto ambiental positivo, sem comprometer a produção existente. A abordagem tecnológica da Cellva combina três fatores centrais: funcionalidade, garantindo que o ingrediente entregue o perfil nutricional esperado; estabilidade, com tempo de estocagem compatível com a indústria; e biodisponibilidade, assegurando que os nutrientes estejam acessíveis ao organismo. A empresa também investe em validação de campo das matérias-primas, estabelecendo parcerias diretas com produtores para garantir qualidade, segurança e escala de fornecimento.
Substitutos para o cacau
Entre os principais avanços recentes está o desenvolvimento de substitutos de cacau a partir de casca de café, sem adição de açúcar e com zero gordura, aproveitando compostos naturalmente presentes na casca. O processo envolve colheita seletiva, secagem, extração de bioativos, resultando em produtos com até 15 vezes mais antioxidantes que o cacau tradicional, prontos para integração em chocolates, mousses, cookies e outros formatos. Sendo o Brasil o maior produtor mundial de café, o modelo de negócio da startup aproveita a abundância desperdiçada e alia inovação, sustentabilidade e competitividade.
Além da inovação tecnológica, a Cellva trabalha para criar impacto econômico e social, agregando valor a cadeias já existentes e garantindo viabilidade industrial e tributária. A empresa também desenvolve soluções a partir de subprodutos de açaí, castanha-do-brasil e microalgas amazônicas, ampliando o portfólio de ingredientes funcionais de origem brasileira. O objetivo final é integrar a sustentabilidade em produtos de consumo massivo, que sejam acessíveis e replicáveis internacionalmente.
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