
O estudo Reputação 360º: o ESG além da Sustentabilidade, lançado pela Ipsos, é um dos maiores levantamentos de opinião pública sobre reputação e performance ESG no Brasil e acende um alerta sobre a expectativa crescente da sociedade em relação à atuação das empresas. Segundo a pesquisa, 75% dos brasileiros acreditam que as companhias devem absorver o custo da sustentabilidade, sem repassar aos consumidores.
Apesar da visão negativa sobre o progresso do país rumo ao desenvolvimento sustentável, a pesquisa aponta avanços discretos nas três dimensões que compõem esse conceito: 36% avaliam mal ou muito mal o desenvolvimento econômico (37% em 2024), 37% o cuidado ambiental (43% no levantamento anterior) e 32% o bem-estar social (39% em 2024).
Empresas com melhor percepção ESG
No ranking geral de reputação e performance ESG, Natura, Boticário e Google lideram, seguidas por Nestlé, Avon, Ypê, Faber Castell, Tramontina, Samsung e L’Oréal. O estudo avalia o equilíbrio entre desenvolvimento econômico, social e ambiental das organizações por meio do Índice de Percepção de Performance ESG (IPPE), refletindo a percepção positiva, neutra ou negativa dos entrevistados sobre a contribuição das empresas para a sustentabilidade.
A pesquisa também revela uma redistribuição de responsabilidades: 38% dos brasileiros consideram que as empresas vão mal ou muito mal na busca pelo desenvolvimento sustentável (34% em 2024); 31% apontam os cidadãos (39% no ano anterior) e 37% avaliam o Estado (42% em 2024). Além disso, 62% dos entrevistados acreditam que muitas empresas utilizam o ESG apenas para melhorar a imagem, percepção que cresce entre classes mais baixas e gerações mais jovens. Segundo nota do CEO da Ipsos, Marcos Calliari, “cresceu o ceticismo com alegações vagas, e a confiança depende cada vez mais de transparência, dados e comprovação”.
Preço ainda limita consumo sustentável
O levantamento mostra que 2 em cada 3 brasileiros consideram o preço fator decisivo na compra de produtos sustentáveis, enquanto 54% citam o custo elevado como principal barreira, seguidos pela falta de educação ambiental (48%) e de informação clara sobre produtos sustentáveis (44%). A adoção de hábitos ambientalmente responsáveis também sofre influência da desigualdade econômica: entre os consumidores que buscam informação sobre sustentabilidade, apenas 21% verificam todos os produtos que consomem, enquanto 57% analisam a maioria e 22% apenas uma parte.
O estudo também indica que o engajamento em práticas que exigem deslocamento é menor nas classes B e C: 60% da Classe A levam lixo reciclável a ecopontos, ante 55% e 44% nas classes B e C, respectivamente. Priscilla Branco, diretora de pesquisas de opinião pública e reputação corporativa da Ipsos, citou em comunicado que “as pessoas querem escolher produtos e serviços mais sustentáveis, desde que não custem significativamente mais ou comprometam conveniência e desempenho. Em outras palavras, o consumidor brasileiro está dizendo com todas as letras que a sustentabilidade precisa caber no bolso e na rotina”.
O levantamento ouviu 6 mil consumidores de 18 anos ou mais, das classes A, B e C, de todas as regiões do país, entre 2 e 12 de julho de 2025, cobrindo 130 empresas e 23 setores.
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