Tony Guadagni, diretor do Gartner
Tony Guadagni, diretor do Gartner. Foto: Divulgação

A integração acelerada da IA e o cenário econômico instável estão levando líderes de RH a rever estratégias de atração e retenção, segundo pesquisa apresentada no Gartner HR Symposium/Xpo 2025. A combinação entre automação e incerteza econômica deve transformar profundamente a gestão de pessoas nos próximos anos.

De acordo com o Gartner, quatro tendências vão moldar a estratégia de talentos em 2026: redução dos cargos de entrada, avanço da mobilidade interna, queda de produtividade associada à “retenção indesejada” e o uso crescente (e controverso) de IA na avaliação de desempenho.

O levantamento revela que a automação de tarefas operacionais e o uso de inteligência artificial como substituta de funções iniciais vêm reduzindo a contratação de profissionais em início de carreira, forçando empresas a depender mais de talentos de nível intermediário. Entre jovens de 22 a 27 anos, o estudo mostra que a mobilidade profissional já é mais valorizada que a estabilidade no emprego, um movimento que pressiona as áreas de RH a redesenhar programas de desenvolvimento e acelerar trajetórias de crescimento.

“Quando as organizações precisam de menos profissionais em início de carreira, criam um caminho fragmentado até as funções intermediárias. A organização do futuro exige um fluxo altamente eficiente de talentos em início de carreira, o que coloca enorme pressão sobre o RH para mudar a forma como contrata, treina e retém esses profissionais”, afirmou em nota Tony Guadagni, diretor de pesquisa do Gartner.

Mobilidade estagnada e baixa performance

Outro destaque é a crescente importância da mobilidade interna: um terço da capacidade de recrutamento deverá ser voltado a realocar talentos já existentes. No entanto, mesmo com mais investimento em qualificação e engajamento, os índices de mobilidade permanecem estáveis. Guadagni alerta que, até 2030, uma em cada cinco pessoas precisará ser reposicionada em novos papéis, e as empresas ainda não estão preparadas para isso.

A pesquisa também introduz o conceito de “retenção indesejada”, quando colaboradores com baixa performance permanecem em funções críticas. Segundo Guadagni, cerca de 25% da força de trabalho global é ao menos 20% menos produtiva que a média, e poucas empresas têm mecanismos eficazes para reverter esse cenário.

Por fim, o estudo aponta que a gestão de desempenho tende a se tornar simultaneamente mais automatizada e mais humana. Embora gestores já utilizem IA para apoiar avaliações, a maioria ainda carece de capacitação sobre vieses e boas práticas no uso dessas ferramentas. “O futuro dos processos de gestão de performance será automatizado, mas o futuro de gerir performance não pode ser”, conclui Guadagni.

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