
Vivemos um período de grandes mudanças no planeta. São transformações tecnológicas, econômicas e climáticas. Ao mesmo tempo em que se discute o uso de tecnologia para melhorar a sustentabilidade, sabe-se da quantidade de lixo eletrônico, itens de difícil reaproveitamento, afora todo consumo de energia (muitas vezes de fontes não renováveis). Ao que parece, a humanidade já tomou consciência do problema, afinal, existem pesquisas que mostram que 86% das pessoas acreditam que circularidade deva ser prioridade, porém o caminho é mais longo do que se apresenta.
Esse e outros dilemas relacionados à circularidade fizeram parte da fala de Jie Zhou, head de inovação do Cambridge Institute for Sustainability Leadership (CISL). Ela se apresentou durante o Global Growth and Circular Futures, evento paralelo ao Slush 2025 e organizado pela Universidade de Helsinque. Para Jie, pensar circularidade e acreditar que estaríamos perto de um ponto de inflexão, ou seja, que realmente ajustamos a rota para esse caminho, é desconsiderar a complexidade por trás disso.
“O que vem à sua mente quando falamos em ponto de inflexão?”, questionou. “Estamos falando que para que isso aconteça é preciso uma mudança sistêmica”, enfatizou a especialista. Para se chegar ao tal ponto de inflexão, a economia circular precisaria se tornar um paradigma dominante, seguido por políticas e infraestrutura alinhadas à circularidade e uma grande mudança no comportamento do consumidor. Ao final, teríamos o que Jie chama de mudança sistêmica.
Confiança é a chave
Pesquisa feita pelo BSI em parceria com o CISL, mostra que 86% das pessoas acreditam que circularidade deveria prioridade, 75% acreditam que seus comportamentos e decisões de compra podem impactar o movimento de economia circular. Por outro lado, essas mesmas pessoas questionam a qualidade dos produtos e demonstram falta de confiança em relação a essa mudança de comportamento.
Confiança, aliás, foi ponto central da apresentação. “Ela é a pedra fundamental do ponto de inflexão”, afirmou Jie. Lembrando que a confiança permeia regulação, financiamento (acreditar na viabilidade financeira de ventures específicos), negócios (entender que o modelo pode ser lucrativo) e clientes (precisam acreditar e entender que produtos circulares são seguros e bons).
Ao resgatar princípios gerais da construção de confiança, como honestidade, valores compartilhados, compromisso de longo prazo, a líder de inovação do CISL afirmou que temos de adaptar essa visão para o mundo da economia circular, onde entrariam: transparência, rastreabilidade, certificação, colaboração e parcerias, comunicação clara, entre outros.






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