
Fundada há quatro anos e meio por Niko Eiden, a startup finlandesa IXI Eyewear quer revolucionar o segmento de óculos, uma indústria que movimenta anualmente US$ 190 bilhões. Quando falamos em tecnologia e óculos, no entanto, pensamos nos smartglasses da Meta e outras fabricantes, mas o foco aqui é outro: é trabalhar na experiência de uso de quem necessita atualmente de lentes multifocais e enfrenta todos os desafios relacionados ao produto. A tecnologia que está praticamente pronta para testes antes de uma massificação utiliza o conceito de autofoco, da fotografia, onde a lente ajusta o grau acompanhando a movimentação dos olhos da pessoa.
Com isso, Eiden entende que os óculos que usamos hoje estão prestes a mudar. A IXI se posiciona em um espaço com pouca concorrência, sendo “praticamente a única” a tentar resolver o problema atual, já que nenhuma das grandes empresas de tecnologia está focada nessa correção específica. Essa mudança na indústria, impulsionada pelo uso de tecnologia, vai alterar a forma como os óculos são.
Autofoco dinâmico
O foco principal da startup é combater a insatisfação com os óculos multifocais que, apesar de serem o segmento mais valioso atualmente, são rejeitados pela maioria das pessoas que os utilizam, sobretudo pela complexidade em se adaptar ao uso desse tipo de lente. A IXI busca resolver essa questão com óculos que operam de forma dinâmica. A tecnologia permite que a lente mantenha uma visão tradicional enquanto o usuário dirige (comparável a usuários entre 20 e 45 anos). Quando surge a necessidade de leitura, o poder de visão necessário é fornecido pela lente, que é ativada. É aqui que entra a tecnologia de autofoco, fazendo uma analogia com a transição de câmeras de foco manual para câmeras de foco automático.
O meio utilizado para alcançar essa funcionalidade dinâmica é o cristal líquido. Embora o cristal líquido seja comumente usado em displays, a IXI o emprega de maneira diferente. A tecnologia, na mente dos desenvolvedores, pode ser encarada como um pedaço de vidro onde, quando a luz o atravessa, ela é desacelerada. A empresa desenvolveu um método de fabricação onde o cristal é “deslocado e girado” para permitir a correção visual. Um dos grandes desafios do produto foi embarcar tanta tecnologia em pouco espaço (a armação dos óculos) e sem torná-lo um objeto pesado ou estranho. E eles conseguiram incorporar tudo, processador, bateria (que dura o dia inteiro com 1 carga) em uma armação de poucas gramas.
Para garantir a funcionalidade automática completa, é essencial o uso do que eles chamam de tracking, que é acompanhar os movimentos dos olhos para a experiência ser ainda melhor. A empresa notou que usar apenas a rotação da cabeça ou a rotação dos olhos em relação à armação não fornece uma indicação precisa para o foco. Por isso, a IXI desenvolveu uma solução que determina a “distância vetorial” no momento em que os olhos do usuário olham para algo. O rastreamento funciona com base na refletividade do olho, medindo a reflexão proveniente dele, com um consumo de energia que é provavelmente mínimo.
Tecnologia confortável de usar
Em relação ao design e ergonomia, a IXI tem trabalhado intensamente para melhorar o ajuste da armação. Ao contrário dos smartglasses existentes, que geralmente oferecem um conjunto muito limitado de designs, a startup tem se concentrado em muitos testes. Eles integraram todos os componentes na parte frontal da armação, deixando apenas as baterias na área lateral, e a eletrônica integrada permite ajustes. Eiden explicou que ainda não tem uma data precisa para um grande lançamento, mas confessou que já teve conversas com grandes fabricantes de óculos interessados no que poderia ser uma ruptura para essa indústria.
Em termos de preço, inicialmente ele imagina o valor de um iPhone Pro. Algo interessante da tecnologia é o controle total por um aplicativo de celular, onde o usuário pode, entre outras coisas, alterar o grau da lente. “O segmento que mais cresce na indústria de óculos é o de multifocais. Mas os multifocais foram pensados para não funcionar, o autofoco melhora totalmente a experiência. Queremos eliminar a frustração de quem precisa disso”, afirmou o fundador, que apresentou a solução em visita organizada pela organização do Slush a algumas startups em Helsinque.






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