
“A Lovable não nasceu apenas como uma ferramenta, mas sim como um movimento com a missão ambiciosa de transformar a forma como o software é criado e quem tem a permissão para criá-lo”. Foi assim que Anton Osika, fundador e CEO da Lovable resumiu a empresa ao falar na abertura do Slush 2025, em Helsinque, na Finlândia. O reconhecimento de que menos de 0,5% da população mundial é desenvolvedora e que o software tem sido um gargalo para as empresas nas últimas décadas impulsionou a visão de que a Inteligência Artificial irá transformar “completamente tudo”.
Os números da Lovable em 1 ano de operação impressionam e apontam para o tamanho do impacto da IA nas carreiras. Já são mais de 9 milhões de pessoas na comunidade, desenvolvendo na plataforma sem, necessariamente, ter conhecimento prévio em codificação. Osika entende ser um movimento cultural e defende que “qualquer pessoa pode criar software”. Este paradigma está acelerando o ritmo da criação: “fundadores hoje podem construir suas empresas muito mais rápido do que antes. A IA está no cerne desta disrupção, permitindo, por exemplo, que uma empresa europeia gerasse quase um milhão de dólares em menos de 12 meses por meio da IA”, exemplificou.
Crescimento em ritmo acelerado
O sucesso da plataforma é resultado da força da sua comunidade, que está impulsionando o movimento globalmente, e isso é ressaltado de diferentes formas pelo fundador. A Lovable alcançou $200 milhões em receita em apenas um ano. Este crescimento massivo é sustentado pelo engajamento diário de milhões de pessoas: mais de 100.000 novos projetos são construídos na plataforma todos os dias, e mais de 5 milhões de pessoas usam os aplicativos Lovable diariamente. A comunidade demonstra seu impacto em questões cruciais, como evidenciado pelo Brasil: um aplicativo lançado para combater a violência de gênero no país atraiu 10.000 usuários em apenas 3 meses.
Apesar do impulso inegável da IA, a empresa defende um modelo de construção global que contraria a tradição do setor: construir uma empresa global de IA a partir da Europa. O fundador resistiu à tentação e à pressão de ir para o Vale do Silício, afirmando que Estocolmo (Suécia) é, em muitos aspectos, um lugar melhor para construir empresas de IA/tecnologia e produto. Isso se deve à disponibilidade de talentos e à capacidade de operar em um ritmo extremamente acelerado, algo que diferencia a empresa da maioria das outras companhias europeias.
“Muitos disseram que eu não conseguiria construir algo grande sem ir para o Vale do Silício”, lembrou o CEO. A estratégia não é ignorar o conhecimento do Vale do Silício, mas sim inverter o fluxo: a empresa está trazendo líderes com experiência relevante de companhias como Nion, Slack e Gusto para Estocolmo para fundir ambição e talento local com experiência.
Grandes companhias também aderem
Essa energia inicialmente focada em indivíduos e consumidores está agora se tornando infraestrutura para grandes corporações. Empresas como Microsoft e Klarna são clientes, e a adoção está sendo vista como “de tirar o fôlego” pelo Presidente da Microsoft, Brad Smith, em como a Lovable acelera o trabalho. Em muitas organizações, a Lovable está evoluindo de um ponto de entrada para o desenvolvimento de novos projetos para se tornar uma infraestrutura para as atividades cotidianas.
Isso tem gerado uma mudança cultural interna poderosa, sintetizada no mantra “demonstre, não documente”. Líderes agora exigem que as equipes construam o produto e o demonstrem imediatamente, em vez de usar apresentações em PowerPoint, acelerando a tomada de decisão sobre quais são as melhores ideias a serem seguidas estrategicamente. Anton Osika ainda brincou que, no caso da Microsoft e de outras grandes corporações, saber usar aplicações como a Lovable para tornar o trabalho mais eficiente passaria a ser um requisito já na seleção.
Olhando para o segundo ano, o foco principal é escalar este sucesso ao seu potencial máximo, garantindo que o produto possa ser usado para 100 casos de uso diferentes. Osika lembrou que a Lovable começou com venda direta para o indivíduo, mas o avanço em corporações será essencial para o crescimento da empresa. Para isso, no entanto, ele entende que será imperativo educar o mercado sobre a segurança e a capacidade da plataforma em atender grandes corporações.






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