Gayle Schueller, Vice-Presidente Sênior e CSO da 3M
Gayle Schueller, Vice-Presidente Sênior e CSO da 3M

O debate sobre circularidade e descarbonização é amplo e foi tema de um painel no COP30 Business Forum, evento que fez parte da Jornada COP30 da Amcham. Entre os destaques da conversa temas como inovação, colaboração e engajamento do consumidor, pilares da transição para modelos de baixo carbono.

A 3M apresentou avanços importantes no setor industrial. Gayle Schueller, Vice-Presidente Sênior e CSO da companhia, explicou que a 3M já reduziu mais de 80% de suas emissões globais desde 2002 e vem entregando metas baseadas na ciência com cinco anos de antecedência. O próximo passo é ampliar transparência com o Product Impact Analyzer, uma solução da empresa que passa a medir a pegada de carbono de seus mais de 50 mil produtos em tempo real, identificando “hotspots” em matérias-primas e processos.

Para Gayle, harmonizar metodologias globais e aprofundar roadmaps conjuntos entre fornecedores e clientes será decisivo para acelerar a descarbonização. Ela aponta que “onde fazemos o maior impacto é realmente com nossos clientes e com a colaboração. Ajudando a estabelecer parcerias, a pensar em roteiros. Há uma grande oportunidade, quando colaboramos com nossos clientes, de realmente fazer uma diferença significativa”.

Circularidade com educação do consumidor

Paulo Correa, CEO da C&A
Paulo Correa, CEO da C&A

Na moda, a C&A mostra que circularidade e emoção caminham juntas. A companhia vincula suas metas climáticas de reduzir 42% das emissões até 2030 ao avanço do programa Reciclo, que já recolheu cerca de meio milhão de peças em urnas instaladas em todas as lojas. Parte é destinada a doação; outra vira nova matéria-prima para coleções de design circular. Paulo Correa, CEO da C&A, explica que o movimento redesenha a cadeia produtiva e engaja consumidores em um processo educativo contínuo, embora o setor ainda enfrente o paradoxo de alta valorização socioambiental sem disposição de pagar mais.

Correa aponta que o maior ativo do varejo para redução da pegada de carbono é justamente o contato com o consumidor final. “Uma dinâmica muito relevante é a mudança comportamental do consumidor. Essa transforma de verdade muito rapidamente. A medida que a sociedade aceita ou para de aceitar um determinado padrão, as histórias tem que mudar com mais ou menos velocidade. Então, isso para mim é uma parte muito interessante que o varejo traz, que é poder influenciar o consumidor e mudar padrões de consumo”, afirmou Correa.

Reciclagem com impacto social

Pedro Torres, Diretor Global da Gerdau
Pedro Torres, Diretor Global da Gerdau

Já a Gerdau trouxe uma informação que pode surpreender a maioria das pessoas: ela é a maior recicladora de sucata da América Latina, uma vez que 70% de sua produção é feita de materiais reaproveitados. Nos Estados Unidos, a empresa atinge um índice que chega a 100% e Pedro Torres, Diretor Global da Gerdau, destaca que “o aço, assim como alumínio, é infinitamente reciclável, ele nunca perde a sua propriedade”.

O aço segue entre os setores mais pressionados já que a indústria responde por 12% das emissões globais e depende de tecnologias ainda em maturação, como hidrogênio verde. A empresa defende incentivos estruturais para viabilizar a transição e reforça o papel social da reciclagem, que hoje mobiliza 1 milhão de catadores e cooperativas no país. Torres explica que a cadeia de reciclagem de sucata “normalmente pega as pessoas que estavam à margem da economia formal e dá uma primeira oportunidade de formalização. Então, a gente tem uma responsabilidade muito grande também, porque muitas vezes são pessoas que precisam de capacitação, treinamento e é pela primeira vez vão entrar numa cadeia formal de trabalho”.

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