O B20 Brasil sugere como legado do evento do G20 ocorrido no Brasil ano passado uma agenda com 10 ações estratégicas para o desenvolvimento sustentável do País. A ação havia sido antecipada pelo chair do B20 Brasil, Ian Ioschpe, durante fala em evento on-line organizado pela Deloitte, em dezembro passado.

Das 10 ações propostas e apresentadas na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), cinco estão relacionadas ao meio ambiente. Duas ações estão focadas em tecnologia, sendo uma delas na exploração das oportunidades em inteligência artificial e construção de data centers. Como justificativa para esse foco, especificamente, eles utilizam um dado do Goldman Sachs que aponta que IA poderá ampliar o PIB global em 7% na próxima década. 

Legado B20 Brasil

A segunda iniciativa relacionada à tecnologia reside em treinamento, em especial, de habilidades digitais. Somos uma das populações mais conectadas do planeta, mas apenas 30% dos brasileiros, aponta o documento do B20, possuem habilidades digitais básicas. Além disso, o texto retoma a falta de profissionais qualificados para dar conta da transformação tecnológica que o mundo vive. No Brasil, a conta é de que faltam 530 mil profissionais. 


Desenvolvimento sustentável

Em relação às ações que dominam a lista, que são aquelas relacionadas ao clima e sustentabilidade de forma ampla, a primeira delas é a ampliação do uso de biocombustível como solução para descarbonização no setor de transportes. Atualmente, o segmento de transportes responde por 13% das emissões de CO2 no Brasil, o documento entende que existem oportunidades para mitigar esse número ao se aproveitar da Lei do Combustível do Futuro e do Programa Mover, além de R$ 100 bilhões de incentivos em investimentos privados. 

O segundo ponto é a descarbonização das cadeias industriais brasileiras. O documento lembra que, embora nossa indústria faça menos emissões que os concorrentes globais, existem desafios para um movimento de descarbonização. Até 2050, eles entendem que serão necessários investimentos da ordem de US$ 400 bilhões para atender a esse gap. Existem alguns fundos disponíveis que, somados, não passam de R$ 20 bilhões, ou seja, mais crédito precisará ser levantado. 

A terceira ação é o mercado brasileiro de carbono. O Brasil tem um mercado importante ainda pouco explorado e a lei em criação para regulamentar o segmento pode ampliar o potencial. Com  o aumento das regulações globais, a expectativa é que até 2035, 35% dos créditos globais de carbono venham de soluções baseadas na natureza. O Brasil tem um potencial máximo de sequestro de carbono de 1.5 Gt por ano, o que pode gerar R$ 150 bilhões até 2030.

Em quarto, está uma velha conhecida da indústria que é a Economia Circular. No País, apenas 4% do lixo sólido passível de reciclagem é reciclado. Para se ter uma ideia, em 2022, foram produzidas 77 toneladas de lixo sólido. Anualmente, o Brasil perde R$ 14 bilhões por não reciclar seu lixo. Entre os desafios está a ampliação da coleta seletiva, oferecida por apenas 27% dos municípios. O documento lembra da necessidade de projetos mais consistentes de infraestrutura para logística reversa e metas para segmentos com baixa taxa de reciclagem, como plástico.

Por fim, em quinto, o B20 fala em agricultura sustentável. O debate em torno do assunto tem crescido, assim como o número de startups que ofertam soluções para melhorar a sustentabilidade desse setor que é chave para a economia nacional. O documento entende que trabalhar agricultura de forma sustentável pode conciliar o potencial agrícola do País com a necessidade de descarbonização. Como oportunidades o grupo cita os Planos ABC+ e de Recuperação de Pastagens, ambos do governo federal. 

Leia mais:

Lei Combustível do Futuro

Programa Mover

Plano Nacional de Pastagens Degradadas

Plano ABC+

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