São Paulo Climate Week

Na São Paulo Climate Week, que ocorre no Cubo Itaú, uma importante discussão foi como os centros urbanos podem enfrentar os crescentes desafios climáticos e sociais. A urgência é clara: 87% da população brasileira vive em áreas urbanas, muitas delas vulneráveis aos efeitos extremos do clima — como ondas de calor, enchentes e ilhas de calor intensificadas pela falta de arborização.

Para Juliana Bueno, Gerente de Políticas Públicas do Google Brasil, o caminho passa por dados, tecnologia e inteligência artificial. A empresa vem colaborando com cidades ao redor do mundo para mapear emissões, prever enchentes e otimizar o trânsito urbano por meio de ferramentas como o Environmental Insights Explorer e o Green Light, com apoio direto à gestão pública e comunidades, com foco em planejamento urbano, adaptação e mitigação climática.

Mas resiliência urbana vai além da sobrevivência física: trata-se de garantir bem-estar, sobretudo nas periferias, reforçou Paulinia Achurra, professora e pesquisadora do Insper. Ela defendeu a ampliação de soluções baseadas na natureza, como o aumento da cobertura vegetal, aliadas a políticas públicas sustentáveis, com atenção às particularidades de territórios informais, onde o espaço e os recursos são escassos.

Construções sustentáveis

Do lado da indústria, Gustavo Siqueira, VP de RH Latam da Saint Gobain, apontou o papel central da construção civil, que responde por até 35% das emissões globais. Ele defendeu o uso de materiais de baixa emissão e tecnologias que melhorem o conforto térmico e acústico das edificações, inclusive em escolas e habitações populares. Segundo ele, o desafio está em aliar escala, cultura local e tempo de execução a soluções duradouras: “Não adianta ter todo esse discurso e, na hora de você tomar uma definição em relação ao material, você não colocar a questão da sustentabilidade, do impacto climático nisso”.

Com um olhar crítico sobre a diferença entre resistência e resiliência, Paulo Bernardo, Presidente Executivo do Instituto City Business América, afirmou que transformar cidades exige antes de tudo transformar pessoas. Na visão do executivo, big data é ferramenta essencial para gerar conscientização, monitorar riscos e envolver a população na tomada de decisões, algo que falta em políticas públicas de curto prazo.

Colaboração é fator chave

Também foi destacada a intersecção entre crise climática e desigualdade urbana, enfatizando o papel dos setores público e privado na promoção de soluções que integrem infraestrutura sustentável e justiça social.

E ao final, o painel reforçou que a colaboração entre setores é vital para tornar as cidades mais resilientes. Incentivos alinhados, ações coordenadas e escuta ativa das comunidades foram apontados como caminhos possíveis. A COP30, que será realizada em Belém, foi citada como uma oportunidade única para impulsionar essa agenda e colocar em prática soluções que impactem o cotidiano urbano com justiça, inovação e sustentabilidade.

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