Cúpula para Ação sobre Inteligência Artificial termina com declaração morna e sem avanços em pontos importantes. O evento, que aconteceu nos dias 10 e 11 de fevereiro, em Paris, reuniu representantes de mais de 100 países e executivos das maiores empresas de tecnologia do planeta para discutir IA e seus impactos em nossa sociedade. A Cúpula foi parte do evento que durou uma semana e abordou como principais temas IA de interesse público, futuro do trabalho, confiança na IA, inovação e cultura e governança global para IA.

A declaração traz entre seus principais pontos promover a acessibilidade da IA, garantindo que ela seja aberta, inclusiva, transparente, ética e confiável. Também foi reconhecida a importância de diálogos multilaterais para avançar em governança, enfatizando a segurança necessária para que a IA possa ser confiável.

Apesar do tom otimista da declaração, a repercussão a cúpula não tem sido boa, muito menos os resultados que a declaração pode produzir. Em postagem no LinkedIn, o professor do IMD Michael Wade ressaltou diversos pontos que foram deixados de lado na declaração, como a falta de compromissos concretos, novas regulamentações ou mecanismos de fiscalização. Segundo ele, o evento não produziu um avanço significativo na discussão de IA, mas reforçou o controle das Big Techs sobre o futuro da IA.

Durante o evento, a presidente da União Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou uma iniciativa de financiamento de 50 bilhões de Euros, sendo 20 deles para construção de 4 instalações de IA em países do bloco. A intenção é conseguir captar até 200 bilhões de Euros; a cifra, contudo, é menor que o anunciado pelos Estados Unidos no mês passado.

O Brasil foi um dos signatários da aguardada declaração da cúpula, que está em sua 3ª edição, e foi assinada por mais 57 países e 15 blocos/organizações – União Europeia e ONU entre eles. A ausência nas assinaturas de dois participantes, Estados Unidos e Reino Unido, foi um ponto que chamou atenção, o que enfraquece ainda mais possíveis ações concretas, sobretudo aquelas voltadas à uma IA inclusiva e mais sustentável.