Ainda é bastante comum nas empresas times de tecnologia e sustentabilidade não conversarem. Mas com diversos pontos de intersecção, isso tem mudado e é preciso que essa mudança seja ainda mais rápida. O assunto esteve em destaque durante uma masterclass realizada pelo professor de Estratégia e Digital do IMD, Michael Wade, durante o Web Summit Lisboa 2024.
“AI e Digital têm impacto positivo ou negativo em sustentabilidade?Se não fizermos nada, o cenário é negativo, mas entendo que o cenário pode se inverter, mas não acontecerá naturalmente. O consumo de energia é elevado e esse impacto precisa ser reduzido”, comentou Wade. Ele lembras que existem diferentes formas para inverter a tendência e tornar o impacto mais positivo: reduzir consumo, reusar, reciclar. “Porque não podemos atualizar a câmera do telefone ou apenas a bateria se tudo estiver bem em um iPhone? De 40% a 60% emissões estão ligadas a TIC, é uma grande responsabilidade”.
O setor de tecnologia da informação e comunicação tem sido alvo de diversas críticas nos últimos anos, sobretudo, com ascensão da inteligência artificial generativa. Se antes, a preocupação com o consumo de energia pelos datas centers espalhados mundo afora era latente, com IA e todas as outras plataformas o assunto ganhou urgência ainda maior, ainda que existam estudos e iniciativas para tornar esse consumo mais inteligente e menos impactante.

O próprio Gartner, consultoria que, entre outras coisas, mapeia tendências no mundo de tecnologia, colocou a computação com eficiência energética entre as principais tendências e entende que existe um cenário positivo para os próximos 10 anos com GPU e modelos como o de quântica chegando com mais eficiência e menos pegada de carbono.
“Digital e AI juntos têm responsabilidade de reduzir seus próprios impactos ambientais. As organizações precisam criar projetos conjuntos, governança e incentivos entre os times de digital e sustentabilidade. Eles precisam trabalhar juntos”, ensinou.
Para o professor, a melhor maneira de as empresas atuarem de forma mais estratégica quando o assunto é digitalização e sustentabilidade é por meio do que ele chama de entendimento completo do problema e das oportunidades. Desta maneira, você consegue ver/entender melhor, para agir proativamente de forma mais acertada e, por fim, escalar melhor, ao tornar as iniciativas conectadas de maneira inteligente.
“É preciso um pensamento amplo. Tem de ter motivação maior para isso, já que apenas pelo olhar do investidor, se aposta tudo no digital. Precisamos focar na sustentabilidade digital”, insistiu Wade.
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