
O futuro do trabalho está sendo mais questionado do que nunca com os avanços das tecnologias, principalmente com a inteligência artificial fazendo cada vez mais parte do mundo empresarial. assunto esteve em pauta durante o ABES Summit 2025, que trouxe para o debate um tema essencial: como preparar empresas e profissionais para o avanço da IA, a requalificação e o papel da liderança como temas centrais para a próxima década.
O termo AI First ainda soa mais como marketing do que prática real no olhar de Camila Achutti, CEO da Mastertech. Ela acredita que antes de ser AI First, as companhias precisam se tornar AI Ready, ou seja, terem processos estruturados, dados e pessoas capazes de aplicar e questionar o uso da tecnologia, já que a tecnologia é um meio, e não o fim. “A gente não tá fazendo tecnologia só pela tecnologia e sim para resolver problemas que nascem de pessoas”, disse Camila, que também propõe que empresas priorizem uma cultura Data First, preparando terreno para decisões baseadas em dados antes de buscar protagonismo em IA.
Falta de talentos capacitados
Nessa mesma linha de pensamento, Paulo Moraes, Co-fundador do Instituto Talenses e diretor da divisão LANDtech, reforçou a percepção de que muitas empresas ainda estão em fase de corrida digital, tentando estruturar suas áreas tecnológicas antes de implementar projetos de inteligência artificial. Para ele, há um descompasso entre o entusiasmo com a tecnologia e a escassez de talentos preparados. Há empresas investindo em inteligência artificial sem ter o básico de digitalização pronto, com falta de profissionais com competências técnicas e, sobretudo, visão crítica para lidar com essa transição.
Moraes, que atua na busca de talentos para empresas, explica que em seu dia a dia ainda vê falta de clareza na gestão dos times: “a liderança realmente precisa se aprofundar em relação ao que são essas tecnologias, o que que se pode fazer com elas, para a partir daí tomar a decisão em relação ao restante”.
Protagonismo humano
Silvia Bassi, da The Shift, que conduzia a conversa, reforçou a fala de Moraes e também vê que o desafio começa na alta gestão. “A liderança, os conselhos corporativos não conhecem a tecnologia. Então, como é que você vai aconselhar uma empresa se você não sabe o que fazer?”, alertou. Para ela o cenário precisa que as organizações sejam People First e AI Ready, capazes de colocar as pessoas no centro das decisões e preparar gestores para compreender e aplicar as ferramentas.
A necessidade de letramento dos profissionais também integrou a conversa, uma vez que a IA precisa continuar sendo desenvolvida e são necessárias pessoas com habilidades para isso. Para que IA não seja protagonista, é preciso desenvolver pensamento crítico e habilidade de resolução de problemas, defenderam os participantes.
Educação, treinamento e capacitação das pessoas são pontos comuns para os três painelistas, já que a empregabilidade no mundo da IA será definida por competências humanas. O desafio para o futuro não será substituir pessoas, mas como integrar esses profissionais à transformação. Moraes explica que tecnologias, como a IA, são ferramentas e “no final das contas, o que mais importa são as competências nos profissionais que vão garantir a sua empregabilidade”.
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