
A inteligência artificial está prestes a entrar em uma nova fase de maturidade e impacto transversal. É o que indica o estudo “O Impacto da Tecnologia em 2026 e Além: um Estudo Global do IEEE”, divulgado pelo IEEE (Instituto dos Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos). A pesquisa traça um panorama sobre o papel da IA generativa e agêntica na transformação de setores e profissões.
No recorte brasileiro, os setores de desenvolvimento de software (60%), bancos e serviços financeiros (48%) e mídia e entretenimento (48%) devem liderar a mudança impulsionada pela IA até 2026. Logo atrás aparecem saúde (28%), educação (28%), telecomunicações (18%) e energia (16%). Globalmente o setor de software aparece com 52%, seguido por serviços financeiros (42%), saúde (37%) e transporte (32%) como os que devem ser mais impactados.
A pesquisa reforça que a IA deve acelerar aplicações críticas: 56% dos entrevistados brasileiros esperam o uso da tecnologia para identificação em tempo real de vulnerabilidades de cibersegurança e prevenção de ataques, enquanto 52% preveem seu uso no desenvolvimento de software e 40% na automação do atendimento ao cliente. Entre os desafios, privacidade e segurança de dados seguem como a principal preocupação (48%), seguidas pela possibilidade de uso da IA para violar sistemas de proteção (12%) e pela resistência social (12%).
IA demanda novas habilidades e governança
A IA agêntica desponta como uma das grandes apostas para o período, com 64% dos líderes brasileiros apontando que sua adoção continuará em ritmo acelerado, impulsionando novas contratações e a valorização de competências analíticas. Já 58% dos respondentes afirmam que o uso da IA para analisar grandes volumes de dados crescerá e em nível global 91% concordam que isso ampliará a demanda por analistas de dados responsáveis por avaliar precisão, transparência e vulnerabilidades dos resultados.
Entre as habilidades mais demandadas para funções relacionadas à IA em 2026, 58% dos líderes buscam profissionais com análise de dados, 54% priorizam práticas éticas de IA, 34% valorizam aprendizado de máquina e 32% destacam modelagem e processamento de dados. A pesquisa também mostra que metade dos entrevistados acreditam que entre 26% e 50% dos empregos serão ampliados por softwares baseados em IA até 2026, um indicativo de que a automação tende a complementar, e não substituir o trabalho humano.
No campo da governança, 54% dos líderes brasileiros preveem que a IA será integrada em toda a organização, com políticas de uso alinhadas às regulamentações governamentais. Outros 34% afirmam que diretrizes internas específicas precisarão ser criadas. O ritmo de adoção, no entanto, depende da origem da tecnologia: 49% das empresas indicam que políticas são mais robustas quando a IA é desenvolvida internamente, contra 40% quando vem de terceiros.
Infraestrutura e novas tecnologias
A infraestrutura necessária para essa nova era tecnológica ainda é um desafio, e 46% dos líderes no Brasil acreditam que levará de três a quatro anos para construir a rede global de data centers capaz de suportar o crescimento da IA. Globalmente, quase metade (49%) projeta um prazo maior, de cinco a sete anos.
A pesquisa também indica que a realidade estendida (XR) — que inclui realidade aumentada, virtual e mista — e os gêmeos digitais devem ganhar protagonismo. No Brasil, 74% dos entrevistados consideram essas tecnologias essenciais para simulações virtuais, design e testes de produtos. Já a robótica aparece como uma das áreas mais impactadas pela IA: 46% dos líderes acreditam que robôs humanoides poderão atuar como colegas de trabalho regulares, e 40% dizem que suas empresas planejam adotar essas soluções em 2026.
De forma geral, 96% dos profissionais de tecnologia em todo o mundo concordam que a inovação e adoção da IA agêntica continuarão em alta velocidade até 2026, impulsionadas tanto por startups quanto por grandes corporações. O cenário aponta para uma transição estrutural: a IA deixa de ser apenas uma ferramenta de automação e passa a operar como um agente estratégico, moldando decisões, políticas e novas formas de interação humano-máquina.
A pesquisa ouviu 400 líderes de tecnologia no Brasil, China, Índia, Japão, Reino Unido e Estados Unidos, em organizações com mais de 1.000 funcionários, de diversos setores da indústria, em setembro de 2025.






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