Inovação digital no setor de petróleo e gás no Brasil
Foto: ambquinn/Pixabay

A indústria de óleo e gás no Brasil vem inserindo a inovação digital como parte estratégica de sua operação, embora ainda enfrente barreiras de integração cultural e organizacional. É o que mostra a pesquisa “Inovação digital no setor de petróleo e gás no Brasil”, realizada pela Deloitte em parceria com o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP). O estudo ouviu 39 lideranças de empresas que representam praticamente toda a cadeia produtiva no país.

Os dados revelam que 87% das organizações já priorizam projetos de inovação, reportando ganhos em eficiência operacional, desempenho, segurança e competitividade nos últimos três anos. Metade (52%) possui departamentos estruturados para gestão da inovação, enquanto 46% estão em nível intermediário de maturidade. Outros 23% já se posicionam como líderes, com histórico consistente de resultados, e 18% ainda se consideram em estágio inicial.

O engajamento interno também vem crescendo: 73% das empresas adotam programas de estímulo a novas ideias ou treinamentos, embora 33% reconheçam que a inovação não é prioridade central. Para Rafael Ferrari, Sócio de Strategy & Business Design da Deloitte, a integração das iniciativas segue como fator decisivo para ampliar resultados.

“Os resultados da pesquisa mostram que a maioria das empresas já prioriza projetos de inovação, mas destaca-se que a capacidade de integrar essas iniciativas à cultura organizacional, ampliando parcerias, acelerando a adoção de tecnologias e fortalecendo uma agenda sustentável cada vez mais estratégica para a indústria é um fator diferencial das empresas bem-sucedidas”, destacou Ferrari em comunicado.

Entraves de integração

Apesar do avanço, 57% das companhias relatam falhas de comunicação entre áreas e resistência cultural como barreiras. Além disso, 85% adotam práticas formais de inovação, mas a maioria mantém modelos fechados, com pouca colaboração externa. O retorno sobre investimento (ROI) aparece como critério secundário na priorização de projetos, usado por apenas 24%, mas é unanimidade (100%) na fase de avaliação, reforçando o foco em métricas financeiras e operacionais, em detrimento de ganhos intangíveis como cultura e posicionamento.

A regulação da Agência Nacional do Petróleo (ANP), que exige a destinação de 1% da receita bruta em P&D, impulsiona investimentos em descarbonização, mitigação de impactos e diversificação energética. O setor também fortalece parcerias com universidades e centros de pesquisa. Metade das empresas investe em startups, mas a preferência ainda recai sobre fornecedores tradicionais, refletindo postura conservadora e restrições regulatórias.

Benefícios e tecnologias em uso

Nos últimos três anos, a eficiência operacional liderou os ganhos percebidos, seguida por criação de novos produtos, melhoria da segurança operacional e aumento da competitividade. A criação de propriedade intelectual ocupou a sexta posição e segurança cibernética ficou em nona na relação de benefícios observados, mostrando que as companhias ainda não conseguem ver ganhos mais estratégicos e de longo prazo com a inovação.

Em termos tecnológicos, 41% das empresas utilizam soluções digitais de forma ampla, sobretudo computação em nuvem e análise de dados. A inovação incremental, voltada a processos e eficiência, predomina sobre iniciativas disruptivas, sugerindo mais cautela em assumir riscos. “A inovação nesse setor não é apenas um motor de eficiência operacional, mas também a chave para a transição energética global, garantindo que possamos atender às demandas futuras de energia de maneira sustentável e responsável” disse em comunicado Patricia Muricy, líder da Indústria de ER&I da Deloitte.

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