Painel no AYA Partners

Quando o assunto é inteligência artificial (IA), em especial a generativa, que ganhou todos os holofotes nos últimos dois anos, vários questionamentos são necessários: desde os clássicos, como ética, governança e alucinações, mas, também, pontos cruciais relacionados à sustentabilidade como o real consumo de energia, transparência e conhecimento (ou a falta dele). No caso deste último, em países como o Brasil, se não for trabalhado o tópico educacional, o risco de ampliação de desigualdades tende a crescer, apenas para citar um exemplo.

Riscos e oportunidades e caminhos para melhor aproveitar o potencial da tecnologia estiveram em discussão durante evento realizado no AYA Partners, em São Paulo. Em um dos painéis, Katerina Elias-Trostmann, diretora de clima e natureza para América Latina na Salesforce, abordou uma das grandes polêmicas envolvendo IA e sustentabilidade que é o consumo de energia. A executiva relatou a falta de transparência como um complicador para se mensurar e trabalhar o tema da melhor forma possível. 

Katerina explicou que a falta de dados complica a definições de padrão na indústria e afirmou ver a IA sustentável em 3 pilares: inteligência (que é a redução do impacto com adequação dos modelos, com formatos baseados em tarefas, sem a necessidade da web inteira para treinar um large-language modelo (LLM)); eficiência (com uso de dados otimizado e capacidade computacional para reduzir o consumo de energia); e fontes limpas (garantir que os dados são processados em estruturas abastecidas com fontes de energia renovável, onde o Brasil leva grande vantagem).

“Mas a falta de transparência é grande, por isso, trabalhamos na criação do IA Energy Score, algo similar ao que foi feito com os eletrônicos no passado. Estamos nessa frente com os dados existentes, para trazer de forma consolidada e comparativa o consumo de energia por modelo de IA. Isso pede mais transparência e o mercado precisa atender a isso”, detalhou Katerina.

Também presente no painel, a líder de responsabilidade social corporativa da IBM, Flavia Freitas, afirmou que que fabricante tem trabalhado para que suas tecnologias venham com mais eficiência energética, até por entenderem a necessidade do processamento envolvido, mas, também, da busca por uma base cada vez mais sustentável. A executiva, no entanto, foi além da tecnologia e ressaltou o programa IBM Sustainability Accelerator, voltado para tratar a camada da população em vulnerabilidade ambiental.

“Todos os anos, 26 milhões de pessoas são colocadas em vulnerabilidade social por conta das mudanças do clima. Por isso, (dentro do programa) lançamos todo ano uma chamada para nos conectarmos com instituições que dominam o tema do ano, que é sempre conectado com ODS”, pontuou, lembrando que água é um dos temas cujo foco central é o acesso ao saneamento básico. 

Já na Microsoft, como apresentou Márcio Gonçalves, diretor de relações governamentais da empresa, o foco está em olhar os R$ 14.7 bilhões de investimentos em 3 anos anunciados pela empresa em setembro do ano passado. O dinheiro deve ser alocado na construção de data centers próprios no País, além de investimento no mercado de carbono, a exemplo do que já fazem com a re.Green, e em capacitação, um dos grandes dilemas envolvendo o processo de digitalização e uso de IA na economia brasileira. 

“Uma das preocupações que temos é a de não abandonar pessoas e tecnologia tem papel fundamental em nossas vidas e temos missão de levar uso de IA para todas as pessoas. Temos meta de 5 milhões de pessoas capacitadas nos próximos 3 anos no Brasil e trabalhamos com ongs, governo federal, estadual. São cursos que vão desde letramento digital, pela desigualdade do Brasil, até o que tem de mais moderno em cibersegurança, IA, dados, tudo em português, e gratuito”, explicou o executivo.

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