
O uso de tecnologias de irrigação no agronegócio brasileiro tem avançado nos últimos anos, oferecendo uma resposta concreta aos efeitos das mudanças climáticas e à necessidade crescente de produzir mais com menos recursos. Segundo dados da Embrapa, o Brasil registrou um aumento de 14,58% na área irrigada por pivôs centrais entre 2022 e 2024, passando de 1,92 milhão para 2,2 milhões de hectares. Ainda assim, o país representa apenas 2,6% da área irrigada global — um número considerado baixo diante de seu potencial agrícola.
Ao considerar todos os sistemas de irrigação, como gotejamento, aspersão e inundação, o Brasil alcança 9,2 milhões de hectares irrigados. Mesmo com esse volume, a área ainda é inferior à do Irã e do Paquistão, três vezes menor que a dos Estados Unidos e oito vezes menor que a da China e da Índia.
A adoção da irrigação é vista por especialistas como estratégica para aumentar a produtividade, reduzir riscos climáticos e promover um uso mais sustentável da água. “Produtores em muitos locais do país têm sofrido com a falta de regularidade e a má distribuição de chuvas, com longos períodos de estiagem, especialmente por conta das mudanças climáticas. Com isso, a irrigação se apresenta como uma oportunidade para evitar perdas de safra e até mesmo ampliar a produtividade”, afirmou, em comunicado, Juan Latorre, gerente comercial da Lindsay, líder global em soluções tecnológicas para irrigação.
Tecnologias de irrigação aumentam eficiência hídrica
Além de garantir a produção, sistemas modernos de irrigação contribuem para a sustentabilidade no campo. Tecnologias como o FieldNet e o FieldNet Advisor permitem ao produtor monitorar e controlar remotamente os sistemas de irrigação, ajustando o volume de água aplicado conforme a necessidade de cada cultura e área irrigada. O controle preciso evita o desperdício e melhora o uso dos recursos hídricos e energéticos.
“Com dados integrados de estações meteorológicas e sondas de umidade, o produtor consegue aplicar a quantidade exata de água no momento certo. Isso reduz custos, aumenta a eficiência e contribui para a conservação ambiental”, destaca Rodrigo Bernardi, especialista em tecnologia da Lindsay. Segundo ele, entre 90% e 95% da água usada na irrigação retorna ao sistema por evapotranspiração, reforçando a importância do controle no manejo hídrico.
Também em comunicado, a engenheira agrônoma Priscila Sleutjes, diretora da Associação Brasileira de Irrigação e Drenagem (ABID), complementou: “A irrigação não consegue mitigar todos os problemas climáticos, mas amplia a segurança e funciona como uma espécie de seguro para o produtor rural quando a chuva não vem. Os projetos de irrigação bem estruturados também ampliam a produtividade das terras, podendo chegar de duas a três safras na mesma área”.
Valorização das propriedades rurais
De acordo com Cristiano Trevizam, diretor comercial da Lindsay, o retorno financeiro de um projeto de irrigação pode ocorrer em cerca de três anos. Ele explica que os projetos são personalizados conforme a realidade de cada propriedade, considerando fatores como tipo de solo, cultura, topografia, disponibilidade hídrica, energia, crédito e infraestrutura.
“Por isso, existe um trabalho de aproximação e de conscientização dos produtores sobre a importância desse investimento. Buscamos mostrar a eles que um bom projeto, com a ajuda de especialistas qualificados, pode trazer grandes benefícios para o produtor”, afirmou Trevizam, em comunicado.
Com o aumento da demanda por alimentos e os desafios impostos pelas mudanças climáticas, a irrigação com tecnologia surge como uma das soluções mais promissoras para fortalecer a produção agrícola no Brasil. O país tem um dos maiores potenciais de expansão da irrigação no mundo, o que pode torná-lo referência em produtividade sustentável e gestão eficiente da água.
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