
Em 2024, pela primeira vez as temperaturas médias do planeta ultrapassaram 1,5°C por 12 meses seguidos. De acordo com a Climatempo, empresa de consultoria meteorológica e previsão do tempo do Brasil e da América Latina, o fenômeno não significa que a meta do Acordo de Paris foi descumprida, mas acende um alerta para governos e empresas frente a COP30 Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima, que será realizada em novembro de 2025, no Brasil.
“O ano de 2024 não é um sinal de derrota, mas um chamado à ação para acelerar políticas de adaptação e mitigação, visando proteger o futuro do planeta e das próximas gerações”, analisa Pedro Regoto, gerente técnico da Climatempo e especialista em clima.
Na avaliação de Regoto, caso as temperaturas continuem aumentando, a superação de 1,5°C no ano passado indica que já estamos vivenciando o início do período crítico para o cumprimento das metas climáticas. Como consequência, o cenário da COP30 será ainda mais complexo e demandará uma reavaliação de metas e caminhos para frear as emissões de gases de efeito estufa.
2024: marco histórico
O calor recorde de 2024 revela que o limite do Acordo de Paris pode ter sido ultrapassado antes do esperado, segundo um estudo de Alex J. Cannon, publicado na Nature Climate Change, em fevereiro. Como parte do Programa para Diagnóstico e Intercomparação de Modelos Climáticos (PCMDI), a pesquisa examina que em contextos de altas emissões, sequências prolongadas de calor extremo ocorrem após atingir 1,5°C.
Outro estudo publicado na Nature Climate Change, também em fevereiro, e realizado por Emanuele Bevacqua, sugere que o ano de 2024 marca o início do período de 20 anos em que o aquecimento médio global alcançará 1,5°C. As metas do Acordo de Paris são definidas com base em médias de 20 anos.
Essas duas pesquisas confirmam que 2024 foi o ano mais quente da história da humanidade, além de ser o primeiro a superar o limite de 1,5°C de aquecimento em relação ao período anterior à Revolução Industrial, utulizado como referência para o clima antes da emissão em massa de gases de efeito estufa.
O ano passado foi marcado por ondas de calor intensas, incêndios florestais devastadores, secas severas e chuvas extremas, impactando a vida humana e animal, bem como a economia e as atividades dos vários setores. Além dos danos imediatos, esses eventos de calor ocasionam estresse hídrico, perda de colheitas e destruição de infraestruturas, além de acentuar a vulnerabilidade de populações, principalmente em países em países em desenvolvimento.
“As empresas e também os governos estão cada vez mais preocupados em se preparar e se prevenir em relação a esses fenômenos”, acrescenta Regoto. Segundo ele, essas pesquisas enfatizam a urgência na implementação de ações de mitigação para diminuir as emissões de gases de efeito estufa e desacelerar o ritmo do aquecimento do planeta.
Nesse sentido, ele destaca que os serviços de monitoramento do clima vêm sendo aplicados na estratégia de resiliência climática de empresas e de governos que buscam informações precisas para enfrentar situações extremas. No setor público, a Climatempo auxilia órgãos da Defesa Civil na tomada de ações para reduzir o risco de eventos climáticos extremos à população em eventos climáticos. Já no setor privado, essas ferramentas são empregadas por empresas de setores como energia, mídia, companhias aéreas e infraestrutura.
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