
Durante a São Paulo Climate Week, a importância da prevenção, da escuta local e da tecnologia para enfrentar crises ambientais cada vez mais frequentes foi colocada em discussão. A conversa deixou muito claro o papel crescente da sociedade civil na resposta a emergências e no fortalecimento da resiliência climática.
O Movimento União BR, fundado por Tatiana Monteiro de Barros, hoje soma mais de 3 mil ONGs em rede, 30 milhões de pessoas apoiadas e R$ 500 milhões mobilizados em doações e insumos. Sua atuação abrange desde cestas básicas e reconstrução de escolas até centros de saúde e casas resilientes, como o projeto no Rio Grande do Sul onde 500 mulheres foram capacitadas para participar da construção de novas moradias sustentáveis, em parceria com o Itaú.
Leo Farah, fundador do HUMUS – organização que atua com prevenção e resposta a desastres no Brasil e no exterior – explica que “esses eventos naturais extremos vão continuar acontecendo com mais intensidade, com maior frequência e em locais que muitas vezes a gente jamais imaginou” e que a prevenção custa muito menos que a resposta. Ele destacou o trabalho da ONG na capacitação de defesas civis, elaboração de planos de contingência e uso de cães de resgate, cada um capaz de substituir até 80 bombeiros em campo.
Prevenção e adaptabilidade
O painel enfatizou que prevenir desastres salva vidas, mas ainda recebe pouco investimento. Farah lembrou que cada dólar aplicado em prevenção pode economizar até 50 dólares em resposta. Por isso, a HUMUS desenvolveu programas como Agente Capaz (para formação de líderes comunitários), Defesa Alerta (capacitação de defesas civis) e Heróis do Futuro (voltado a crianças nas escolas).
Já Tatiana apresentou soluções adaptadas a diferentes territórios, como alimentos desidratados customizados para povos indígenas, filtros de água de longa duração e lavanderias comunitárias móveis. “Sempre é desafiador, porque o que a gente faz é fora da caixa”, afirmou. O Movimento União BR também iniciou sua atuação em prevenção com parcerias com os governos de São Paulo e Rio Grande do Sul, priorizando infraestrutura resiliente e educação.
Tecnologia na estratégia climática
A tecnologia aparece como uma aliada estratégica. Farah explicou que a HUMUS está usando inteligência artificial para mapear áreas de risco e traçar rotas de fuga mais eficientes, inclusive com apoio do Google Maps. Por sua vez, o movimento liderado por Tatiana vem elaborando um roadmap para ampliar sua atuação tecnológica, especialmente na mobilização de voluntários e doações eficazes.
Encerrando o encontro, os participantes reforçaram que, diante da emergência climática, o Brasil precisa transformar sua capacidade de articulação em um exemplo global. Como destacou Tatiana, “trazer as nossas soluções, os nossos cases, como o Brasil também se reinventa, mesmo com tão pouco recurso, a gente faz do limão uma limonada”.
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