Diego Puerta, presidente da Dell Brasil durante abertura de evento da empresa em São Paulo

Que inteligência artificial depende de uma boa base de dados todos deveriam saber, embora muitas empresas ainda falhem em seus projetos justamente por falta, por exemplo, de uma boa governança de dados. Ao colocar esse item no centro de tudo quando o assunto é IA a Dell Technologies defende um olhar em quatro pilares que a companhia entende serem essenciais nessa jornada: IA no centro de tudo, data center moderno, ambiente de trabalho moderno e pessoas. O tema foi um dos grandes destaques da fala de Diego Puerta, presidente da companhia no Brasil, durante a abertura do Dell Technologies Forum 2025, principal evento da fabricante no País. 

“Queremos mostrar que somos o principal parceiro para jornada de transformação que está acontecendo”, pontuou Puera. “Nessa jornada de 26 anos no Brasil, criamos uma operação do zero e lideramos em todas as categorias de negócio que participamos. E estamos mais bem preparados para auxiliar nesse mundo acelerado por IA”, completou, para engatar o discurso que viria em torno da importância dos dados e de como a empresa trata o tema em sua linha de produtos. 

O executivo lembrou que a empresa tem capacidade de armazenar, processar e garantir segurança a esse ativo e defendeu o uso da IA na ponta, no modelo de edgen computing, por meio da AI Factory, plataforma que já conta com mais de 3 mil clientes, vários deles no Brasil. Essa defesa tem certo fundamento já que a maioria dos dados é gerada na ponta e, para Puerta, a IA precisa estar onde o dado está e não o contrário. Além disso, enviar requisitos para modelos de IA em nuvens públicas diversas pode inviabilizar projetos pelo custo, latência entre outros pontos.

E, assim, voltamos ao tema central deste texto que são os 4 pilares defendido pela Dell e que passam, obviamente, por dados e infraestrutura. “Como mudo minha empresa e como penso na infraestrutura?”, questionou Puerta. “Não é mais a forma como pensávamos infraestrutura antigamente, o dado está na ponta e não faz sentido enviá-lo para o data center. A nuvem é resposta para tudo? Não é mais verdade”, pontuou ao trazer pontos como soberania, arquitetura flexível, entre outros. 

IA no centro de tudo

Fabiana Morgante de Alencar, gerente de TI e segurança da BTP

O primeiro dos 4 pontos trazidos por Diego Puerta é IA no centro de tudo. “Parece um conceito amplo ou vago, mas não é. Em vez de discutir caso e o que o mercado está fazendo, é redesenhar o negócio tendo IA no centro. É um movimento importante que algumas empresas já fazem”, comentou o presidente da Dell. 

Dados de um levantamento da Dell mostram que 94% dos decisores tem certeza de que IA será um agente transformador no negócio e na indústria onde atuam. Apesar de um alto porcentual, a quantidade de empresas que realmente possuem um plano de transformar é menor, avaliou Puerta. Existe a consciência no mercado acerca do potencial da tecnologia, mas muitos ainda não conseguem transformar essa consciência em vantagem competitiva. 

“Para repensar a maneira como olhamos infraestrutura criamos o AI Factory que está onde o dado está”, frisou. Para o executivo, o modelo defendido pela empresa não enfrenta problemas conhecidos da nuvem publica, tem escalabilidade, flexibilidade e trabalha no conceito de nuvem híbrida. Um dos cases de uso do AI Factory apresentado no evento é da Brasil Terminal Portuário (BTP), que aplica o modelo para análise e tomada de decisão em tempo real, já que no ambiente gerido pela empresa cada detalhe pode alterar toda a programação ou estratégia de embarque e desembarque de contêineres, como explicou a gerente de TI e segurança da empresa, Fabiana Morgante Alencar.

“A Dell é parceira longeva, está desde o início das operações, sempre nos apoiando nessa parte. Quando surgiu a demanda de IA, iniciamos a conversa e criamos nossa jornada. Mas usamos onde é necessária, fomos o primeiro terminal com 5G privativa e agora um dos primeiros com análise preditiva no pátio. A necessidade de informação rápida e assertiva é fundamental para nossa operação”, explicou a executiva.

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Data center moderno

Flavio Thimotio, gerente de geotecnologia e segurança da Vale, durante o Dell Technologies Forum

O segundo ponto levantado por Puerta foi data center moderno. Para diferenciar e não confundir os conceitos, ele ressaltou que o AI Factor é a camada de cima, que transforma dado em insight, já o modern data center transforma, processa e deixa esses dados seguros onde quer que eles estejam. “Modelos tradicionais seja on premise ou nuvem, não atendem a demanda desse mundo acelerado por IA. Ter um data center moderno não é escolher um modelo ou outro, mas usar os dois, com edge de forma inteligente.”

Do lado do cliente, quem aplicou o modelo é a Vale, fazendo jus ao processamento em qualquer lugar, já que o case apresentado é o processamento de dados junto aos equipamentos que carregam os radares interferométricos, responsáveis por monitorar, em tempo real, movimentação de solo. “Somos tão precisos que controlamos taxa de crescimento da grama”, relatou Flavio Thimotio, gerente-geral de geotecnologia e segurança da mineradora. 

Ele explicou que o funcionamento tem um desafio: o grande volume de dados gerados. “Processar essas informações para tomada de decisão é desafiador e a arquitetura era defasada em TI. Como ter uma arquitetura moderna e flexível para resolver problema?”, questionou o executivo, antes de citar como exemplos de uso equipamentos instalados em localidades remotas como as minas no Pará, onde os equipamentos processam os dados e enviam para a central.

“Temos vários radares e levamos essa informação para centro de monitoramento onde reconstruímos essas estruturas digitalmente para entender as mudanças. Monitoramos em tempo real de forma centralizada. Habilitamos na borda o uso de IA para resolver monitoramento de forma mais rápida e ainda mais precisa.”

Ambiente de trabalho moderno

Diego Barros, gerente de TI do Centro de Serviços Compartilhados da Eletrobrás

O terceiro ponto dessa jornada de IA envolve algo que pode parecer inesperado, mas não para a fabricante: repensar a forma de trabalhar também a partir dos PCs, mas não de qualquer PC, mas um AI PC. “Estamos falando sobre como pessoas se conectam e produzem. Experiência que transforma tecnologia em produtividade. E tem o velho e bom PC no centro de tudo. Muita gente falou que ele acabaria e seria substituído e com a pandemia se viu que ele ainda é maior ferramenta de produtividade”, argumentou Diego Puerta. 

No caso do AI PC, o benefício, na visão da empresa não reside simplesmente em desempenho ou bateria com maior duração, mas a colaboração com IA in-loco. Trabalhos como o de desenvolvedores com esse tipo de equipamento chegam a gerar uma economia anual de US$ 1.200 por colaborador com consumo de nuvem, isso por ter IA embarcada e não necessitar enviar requisições o tempo todo. 

Um dos cases apresentados para esse pilar foi da Eletrobrás, maior empresa de energia da América Latina e segunda maior do mundo em geração de energia limpa. Após a privatização, em 2022, a empresa tem passado por grandes transformações e uma delas foi a criação do centro de serviços compartilhados responsável, entre outras coisas, por padronizar processos e garantir mais eficiência à empresa. Um dos desafios como lembrou Diego Barros, gerente de TI do CSC da Eletrobrás, era a modernização do parque de computadores que já estava obsoleto.

São 9 mil equipamentos em 300 endereços espalhados pelo Brasil inteiro. “A Dell nos apresentou projeto já pensando em oferta dos AI PCs. Tínhamos parque obsoleto e estávamos em momento de transformação”, comentou executivo, ao lembrar da iniciativa de IA, a Eletro.ia, que te recebido bastante investimento. Eles possuem IA em gestão de ativos, gestão climática, são quase 50 modelos implantados ou em desenvolvimento. 

“E com IA PC o foco é que nossos colaboradores tenham mais eficiência no uso da tecnologia. O Eletro.ia também quer democratizar uso de IA na empresa. Outra frente que trabalhamos nesse sentido é a modernização dos centros de monitoramento, onde olhamos 87 mil ativos, turbinas, transformadores, reatores e esse centro é equipado com AI PCs”, completou.

Pessoas

Por fim, mas não menos importante, é o pilar pessoas, e aqui, o foco é muito na educação, capacitação, treinamento constante, já que muitos projetos costumam falhar por falta de conhecimento adequado ou falta de profissionais qualificados, seja em IA ou qualquer outra tecnologia. Nesse caso, a Dell não levou um case trivial, mas convidou o fundador do Inteli, instituição educacional que tem como foco formar futuras lideranças de tecnologia, e que conta com parceria da Dell na infraestrutura desde sua concepção. 

Roberto Salouti afirmou que um dos motivos para ter investido nessa empreitada educacional foi ouvir de investidores fora do Brasil de que não aportavam dinheiro por aqui porque o País formava poucos engenheiros. Ali entendeu que havia uma missão a ser cumprida e iniciou a jornada que culminou com a criação do Inteli.

“Fundamos o Inteli e vamos manter o tempo que for necessário. Quando seremos bem-sucedidos? Quando nossos alunos estiverem transformando o Brasil e quando o Inteli for da sociedade brasileira. Stanford foi assim e virou da sociedade. Temos convicção que só trabalho e educação transformam. Brasil pode ter instituições de classe mundial. Somos frustrados de o Brasil nunca viver seu potencial, mas não podemos ser torcedores e cornetarmos o time, temos e fazer o trabalho”, avaliou o executivo que, além de fundador do Inteli, preside o BTG Pactual.

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