
Se tem algo que Michael Dell, fundador e presidente da Dell Technologies, propaga neste momento, além da importância do dado para estratégias de inteligência artificial, é a ideia de processar IA na ponta ou dentro dos ambientes corporativos, em vez de rodar 100% das aplicações em nuvem pública; é quase que uma evolução do edge compuiting, mas com foco em IA. “Muitos dados estão on premise e os agentes de IA estarão em todos os lugares”, afirmou o executivo na abertura do Dell Technologies World, principal evento da fabricante globalmente que reúne, até o dia 22/05, mais de 20 mil pessoas em Las Vegas (EUA).
A fala e a defesa de Dell estão conectadas à uma estratégia de produto que vem desde 2024, quando a empresa lançou o AI Factory, que chega, agora, à edição 2.0. De maneira muito simplificada, o AI Factory é um conceito adotado para tratar de uma compilação de equipamentos de ponta (processadores, armazenamento, rede, segurança e GPUs). Essa combinação dá aos clientes a possibilidade de levar o poder da Ia para dentro das corporações.
No caso dos GPUs, que são as unidades de processamento para aplicações de IA, a Dell tem parceria estrutura no caso do AI Factory com a NVIDIA. Mas a empresa revela outras alianças que podem até surpreender, como a com o Google para rodar o Gemini (IA do gigantes das buscas) também nesse momento on-premise. “Estamos criando um futuro onde AI amplia o potencial humano em escala”, reforçou Dell.
No momento, 3 mil empresas utilizam o AI Factory que, de acordo com Dell, é um modelo 60% mais eficiente em custo comparado com nuvem pública. Estudos recentes, ressaltou o fundador, mostram que três quartos das iniciativas com IA atendem ou superam expectativas, o que, na prática, se traduz em retorno sobre o investimento e ganho de produtividade que pode chegar a 40%. “Trabalhamos para levar IA para todo o mundo corporativo. Sabemos que o AI Factory vai chegar a milhões, porque IA envolve custo forte”, afirmou.
No entendimento de Michael Dell, a inteligência artificial leva à uma consolidação, o que pede repensar arquiteturas e entregar algo que tenha a flexibilidade e eficiência de um Tier 3, mas com a simplicidade operacional da hiperconvergência. Ao comentar dados de mercado sobre IA, o executivo relembrou que, globalmente, existem investimentos na ordem de US$ 1 trilhão no desenvolvimento da tecnologia e que, “por ser o sistema operacional que levará o mundo a outro nível”, IA adicionará US$ 15 trilhões ao PIB global até 2030. Ele afirmou ainda que 85% das empresas pensam levar seus workloads de IA generativa para o modelo on-premise nos próximos dois anos.
Direcionando sua fala para empresas de todos os portes que assistiam à conferência, Michael Dell reconheceu que o estado da arte no uso de IA ainda não é realidade para todos, mas reforçou: “IA não é seu produto, mas ela pode fortalecer seu propósito. Você não precisa de algo colossal, mas precisa de IA. E estamos reunindo todo aprendizado desses sistemas para tornar a IA mais fácil para você”.
Sustentabilidade
Afora AI Factory e a defesa do on-premise para as aplicações de Ia, Michael Dell trouxe um recado sobre comprometimento da empresa com meio ambiente e com as gerações futuras. Apesar de considerar um momento de ouro para o desenvolvimento tecnológico, o executivo refletiu ao lembrar que esse avanço demanda muita infraestrutura e, consequentemente, um alto consumo de energia. De acordo com Dell, a companhia é extremamente eficiente na gestão de data centers por meio da gestão de energia otimizada pelo resfriamento líquido.
“Nosso software rastreia o consumo de energia e as emissões e, por meio de telemetria, automatiza a gestão de térmica e de energia”, explicou. Além da questão energética a fabricante tem liderado um programa de recuperação e reuso de equipamentos. Trata-se de algo crítico pela quantidade de equipamentos existentes em todas as empresas.
*O Coletivo Tech viajou à Las Vegas a convite da Dell Technologies
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