
Com 24 data centers em operação – dos quais 20 estão localizados no Brasil, dois no Chile e outros dois no México – e planos robustos de expansão, a Ascenty busca inserir a sustentabilidade desde o início da construção de seus projetos. Recentemente, a empresa divulgou seu relatório de sustentabilidade referente a 2024, com destaque para 100% de energia renovável com certificação I-REC e compensação total das emissões dos Escopos 1, 2 e 3.
A empresa, uma joint-venture entre Digital Realty e Brookfield Infrastructure, acaba de completar 15 anos de história no mercado latino-americano. Como celebração, anunciou a construção de novo data center em São Paulo (SPO05), o quinto na região metropolitana da capital, com um investimento de R$ 300 milhões e previsão de inauguração neste ano. Além disso, revelou o início do desenvolvimento de mais duas unidades na região (SPO07 e SPO08), um investimento aproximado de R$ 1.5 bilhão para construção.
Os empreendimentos integram o plano de expansão da companhia, que agora passa a contar com 36 data centers, sendo 12 em construção. Em entrevista ao Coletivo Tech, Marcos Alves, gerente de operações da Ascenty, comenta sobre os avanços em linha com o desenvolvimento sustentável, participação do Brasil nas metas globais e planos da empresa para o país.
Karen Ferraz – A Ascenty divulgou recentemente o Relatório ESG 2024, reafirmando diversos compromissos com o desenvolvimento sustentável. Quais os principais avanços em eficiência energia, água, neutralização de emissões e gestão de resíduos e como atingiram essas melhorias?
Marcos Alves – Hoje a indústria de tecnologia tem uma preocupação muito grande com o uso correto da energia, um recurso que deve ser usado com bastante responsabilidade. Em eficiência energética, possuímos certificação ISO 50001, que trata da eficiência energética, e o PUE (Eficácia no Uso de Energia) de nossos data centers é de 1.42, enquanto a média do mercado é 1.6. Também alcançamos índices WUE (Eficácia no Uso da Água) e CUE (Eficácia no Uso de Carbono) iguais a zero.
Em relação à água, desde o começo, nos preocupamos com esse recurso nos projetos e equipamentos. Não utilizamos água em nossas operações de refrigeração. Então essa metas foram possíveis graças aos sistemas de refrigeração com circuito fechado (dry cooling), sem perda de água, e monitoramento do consumo nos data centers mensalmente, com metas de utilização.
Quanto à neutralização total das emissões de carbono, a Ascenty utiliza energia 100% renovável (eólica, hidrelétrica e solar), zerando o Escopo 2 (consumo de energia) nos três países, o que permitiu a aquisição da certificação iRECs (International Renewable Energy Certificate). Os Escopos 1 (utilização de geradores a diesel e da frota de carros) e 3 (viagens de funcionários e de terceiros na cadeia de suprimentos) são compensados com créditos de carbono.
Na gestão de resíduos, nosso Programa Aterro Zero atingiu 91,7% de resíduos que conseguimos desviar do aterro, encaminhados para reciclagem ou compostante, superando a meta de 90%, mesmo com um crescimento de 42% na geração de resíduos.
KF – Com a ampliação do uso de nuvem e IA, o aumento da demanda por energia dos data centers é um grande desafio para o mercado. Nesse sentido, como a Ascenty insere a Sustentabilidade dentro do modelo de negócio?
MA – A Sustentabilidade faz parte do nosso negócio bem mesmo antes da sigla ESG ganhar atenção. É uma prioridade que permeia toda a cultura da companhia. O uso de energia renovável não é algo novo para nós, uma vez que a empresa já vem trabalhando há muito tempo para a aquisição de energia sempre de fonte renovável. Contudo, o grande diferencial da Ascenty é buscar a alta eficiência desde o projeto, construção do data center e seleção dos equipamentos para alcançar os melhores resultados. Como a demanda por tecnologia é crescente, acreditamos que num futuro próximo teremos à disposição equipamentos ainda mais eficientes, devido à evolução de pesquisas em andamento. Hoje, trabalhamos muito próximos dos fabricantes para projetarmos data centers cada vez mais eficientes.
KF – E qual o próximo desafio da Ascenty em sustentabilidade?
MA – O nosso desafio é exatamente trabalhar com mais eficiência. Então, o foco é na redução de PUE. Quanto menos eu gastar energia na parte de climatização e deixar o gasto de energia somente na parte de servidores, mais eficiente eu sou. Nas outras áreas, como gestão de resíduos, nossas metas são revistas anualmente, em busca de estarmos em linha com o que o mercado demanda. Atualmente, o Brasil tem participação de mais de 80% nas metas da empresa como um todo, até pela quantidade de data centers que já operam aqui.
KF – Nos aspectos sociais, o relatório destaca o programa Jovens Aprendizes, o desenvolvimento de profissionais e o compromisso de avançar práticas de inclusão e equidade, especificamente a inclusão de mulheres (31% da força de trabalho da empresa). Vocês têm alguma meta a ser alcançada no âmbito social?
MA – Buscamos uma inclusão maior da força de trabalho de mulheres, além de priorizarmos o nosso impacto na sociedade, por exemplo, a partir do treinamento de jovens. A Ascenty possui programas como o Jovens Aprendizes, com alta taxa de retenção e posterior contratação como colaboradores. Há também um programa de qualificação com treinamentos de liderança e uma universidade corporativa online, a Universidade Ascenty, com diversos cursos. A empresa também realiza parcerias com escolas para apresentar o setor de data centers, buscando despertar o interesse por carreiras no segmento, e o programa “Qualifica Elas”, que visa a desenvolver profissionais mulheres para a área.
KF – A companhia anunciou um investimento de 125 milhões de dólares em infraestrutura no último ano. O que representa esse investimento no país?
MA – Esse investimento representa a construção de novos data centers e o crescimento para atender a demanda do mercado. A Ascenty busca projetos economicamente viáveis e eficientes, aprendendo com cada construção para melhorar a eficiência de cada novo data center.
KF – Em quais oportunidades a empresa está mirando para os próximos anos? O Brasil pode mesmo avançar mais na indústria de DC?
MA – A Ascenty enxerga oportunidades no mercado brasileiro nos próximos anos devido à contínua digitalização e à migração de empresas de servidores próprios para data centers (mercado enterprise). Há também uma demanda crescente associada à inteligência artificial, exigindo maior poder de processamento e eficiência energética. O Brasil possui vantagens, como uma boa matriz energética com muitas fontes renováveis e capacidade de geração, tornando-o um local bem visto para essa demanda. A maior vantagem é a matriz energética renovável, permitindo que a Ascenty e seus clientes utilizem energia renovável.
Sem comentários registrados