Futuro da saúde
Foto: Vitaly Gariev/Unsplash

O setor de saúde brasileiro passa por um ponto de inflexão marcado pelo envelhecimento populacional, pela estagnação da base de beneficiários e pela compressão das margens operacionais. O estudo “Cenários e transformações do setor de saúde até 2028” elaborado por Alex Vieira, CIO do HCor e Vice-Presidente da ABCIS e Coordenador de Tecnologia da ANAHP, apresenta uma análise estratégica e propositiva sobre os cenários e tendências que devem redefinir o sistema de saúde brasileiro nos próximos anos.

Hoje, o custo médico-hospitalar cresce três vezes mais que o PIB e, apesar do crescimento populacional, o número de beneficiários de planos de saúde praticamente não cresce há uma década. Um dos fatores para a estagnação é o grande crescimento do trabalho informal, uma vez que mais de 70% dos planos são empresariais e com um menor número de trabalhadores registrados não há expansão dos beneficiários. Isso acompanhado do envelhecimento da população gera um momento crítico na área da saúde.

Forças e tendências que moldam o novo ciclo

Diante desse cenário, o estudo identifica forças de transformação que devem reconfigurar o setor, como a aceleração da aplicação de inteligência artificial, que, globalmente, já é utilizada por 72% da instituições de saúde em algum processo interno (o índice de IA na área assistencial está em torno de 23% das instituições). Uma regulação proativa do setor trazendo segurança sem inibir a inovação é citada como um dos pontos na transformação, assim como a consolidação da sustentabilidade e propósito como critérios de competitividade.

O documento também destaca tendências que devem ser observadas para o futuro, entre as quais a valorização da saúde mental como eixo preventivo e estratégico, a consumerização da saúde onde o paciente torna-se um usuário ativo (impulsionada por wearables, apps de autogestão e plataformas digitais) e o avanço da IA clínica assistiva, que passa a apoiar decisões médicas com segurança e precisão.

Dois pontos em comum aparecem entre as forças de transformação e as tendências: a interoperabilidade, que possibilita a integração de informações clínicas tornando-as um ativo econômico e social com valor estratégico; e as lideranças, que devem ser cada vez mais preparadas para combinar ciência de dados, empatia e eficiência.

O que esperar do futuro

O estudo ainda projeta três cenários possíveis para o futuro da saúde no país. O primeiro, tido como mais provável, onde haveria um avanço tecnológico sem reforma estrutural e com ganhos de eficiência, mas sem equilíbrio. O segundo, chamado de “Ecossistema Inteligente e Sustentável” e apontado no estudo como desejável, traz a interoperabilidade plena, IA ética, liderança humanizada e foco em valor e prevenção. E por fim, um cenário disruptivo, com um sistema de saúde descentralizado, biossensores, uso intensivo de IA generativa, blockchain e dados sob controle do paciente.

O futuro da saúde vai depender de líderes capazes de sincronizar humano e digital para cuidar melhor das pessoas de forma sustentável, com adoção de protocolos clínicos preditivos, integração entre tecnologia e processos e a incorporação efetiva de práticas ESG.

O estudo completo está disponível neste link.

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