
O uso de Inteligência Artificial nos equipamentos culturais brasileiros permanece incipiente, com percentuais superiores a 10% apenas em arquivos (20%) e cinemas (16%). Pontos de cultura registram 9%, enquanto bens tombados, museus e teatros ficam em 4%, e bibliotecas, em 2%. Os dados inéditos constam na TIC Cultura 2024, divulgada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).
Ao mesmo tempo, a pesquisa revela um cenário de avanço na digitalização do setor, com acesso à Internet praticamente universal entre os equipamentos e fortalecimento da infraestrutura tecnológica das organizações culturais. Conduzido pelo Cetic.br, departamento do NIC.br, o levantamento entrevistou gestores de arquivos, bens tombados, bibliotecas, cinemas, museus, pontos de cultura e teatros em todo o país.
“Por um lado, o estudo mostra que uma adoção mais estratégica de aplicações baseadas em inteligência artificial ainda é restrita no setor, por outro lado, os dados demonstram uma maturidade crescente dos equipamentos culturais brasileiros na incorporação das tecnologias digitais, apoiada pela universalização da conectividade e pelo maior uso de dispositivos próprios”, destacou em comunicado Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br.
Infraestrutura digital mais robusta
O levantamento mostra que arquivos e cinemas têm 100% de conectividade, enquanto pontos de cultura alcançam 96%. Entre bens tombados, a conexão saltou de 74% em 2022 para 92% em 2024. Museus e bibliotecas ainda registram menor acesso, com 87% e 83%, respectivamente.
A infraestrutura tecnológica também se fortalece pelo aumento de dispositivos próprios: tablets em arquivos subiram de 14% para 32%, notebooks em bens tombados passaram de 36% para 65%, e celulares em pontos de cultura cresceram de 28% para 39%. A oferta de Wi-Fi gratuito ao público avançou em bibliotecas (54% para 65%), pontos de cultura (53% para 64%) e museus (40% para 51%).
A presença online em redes sociais cresceu significativamente, chegando a 87% entre pontos de cultura e 78% entre bens tombados. Aplicativos de mensagens como WhatsApp e Telegram também registraram aumento entre pontos de cultura, museus, teatros e bibliotecas. Em contrapartida, o uso de ferramentas de streaming recuou para níveis pré-pandemia em teatros (de 25% para 16%) e cinemas (de 20% para 12%).
Formação de profissionais
Em formação de profissionais, os equipamentos priorizam treinamentos internos sobre tecnologias digitais e privacidade. Arquivos lideram em capacitação interna, com 50% em tecnologias digitais e 51% em proteção de dados, enquanto museus e bibliotecas apresentam baixos índices de cursos externos pagos.
Realizada desde 2016, a TIC Cultura orienta políticas públicas para democratizar o acesso à cultura e compreender desafios e oportunidades da tecnologia no setor. Nesta edição, foram realizadas 1.818 entrevistas entre outubro de 2024 e abril de 2025, com apoio da UNESCO e especialistas de governo, sociedade civil e universidades.
A lista completa de indicadores pode ser conferida neste link.
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