
Resiliência tem sido uma palavra cada vez mais presente no vocabulário corporativo. Ela é citada como exemplo de característica buscada em colaboradores, é aplicada na questão climática, em segurança e em outras frentes. Mas o fato é que o momento de transformação pelo qual a sociedade global passa pede atitudes e infraestruturas mais robustas e capazes de suportar o que ainda está por vir. E é nesse sentido que chega a resiliência digital, adotada pela Cisco para promover o que a fabricante entende como infraestrutura pensada e arquitetada para inteligência artificial.
O assunto foi um dos pontos tratados por executivos da empresa durante evento em São Paulo, nesta terça-feira (06). Rodney Clark, vice-presidente sênior de parcerias globais da Cisco, lembrou que inteligência artificial nos abre para oportunidade inimagináveis, mas, por outro lado, nos coloca diante de ameaças também sem precedentes, o que demanda por parte do cliente “garantir proteção ao ambiente inteiro”. Ao trazer esse pensamento, o executivo alerta para pontos essenciais em momentos de transformação: uma boa estratégia, governança adequada, infraestrutura adaptada e, claro, atenção à segurança.

A grande diferença para ondas tecnológicas anteriores parece ser a velocidade, como concordou o presidente da Cisco Brasil, Ricardo Mucci. “Quando saímos dos modelos mais simples e passamos para o robusto, não é algo simples. Foram décadas para criar áreas de compliance e gestão e você (executivos em geral) não tem esse tempo para criar uma governança para IA”, comentou.
Justamente por essa velocidade e esse novo paradigma de negócio que o mundo assiste, como afirmou o vice-presidente da Cisco para América Latina, Laércio Albuquerque, é que o tema resiliência para os ambientes que processam IA e sua intersecção com cibersegurança ganham força. “Temos pesquisas que mostram que 97% dos CEOs vão integrar IA em seus negócios nos próximos 2 anos, mas a mesma pesquisa mostra que apenas 2% se sentem preparados para essa integração”.
Os dados trazidos por Albuquerque apontam para diversos desafios: governança, conhecimento, estratégia, pessoas, entre outros, o que pede uma abordagem mais holística dessa tecnologia, especialmente quando cruzamos IA e segurança. Mas voltando à resiliência digital, Mucci entende que um dos pontos que mais onera o tema é não ter uma infraestrutura adequada e com governança estruturada e segurança aplicada a ela. Ou seja, um combo poderoso para dar conta de uma ferramenta que pode transformar o negócio ou ser uma causadora de problemas.
Sustentabilidade
“Não bastam servidores em pé, mas como faz gestão de governança dessas aplicações. O que propomos é uma fábrica de IA, desde entrada dos modelos, como alimenta, trata e testa de forma correta, com taxonomia de dados e em ambiente de produção para garantir resiliência, evitando que modelos sejam atacados, envenenados e sofram jailbreak”, detalhou o presidente da fabricante no Brasil.
Igualmente importante é a questão dos ciberataques. Se antes os cibercriminosos já tinham avançado com crimes altamente sofisticados, com inteligência artificial generativa esse mundo ficou ainda mais complexo. Garantir que as infraestruturas que rodam essas plataformas sejam seguras é fundamental. Com isso, o foco que antes estava em uma abordagem classificada como perimetral, utilizando firewall, por exemplo, passa por uma estratégia que a indústria chama de ‘secure AI’. É dizer: ter uma plataforma que faça a gestão dos modelos de IA e, por cima dessa camada de gestão, se aplique soluções como da Splunk.
Afora a complexidade em governança, segurança e bons modelos de IA, existe ainda o tema do consumo de energia, que também é uma preocupação crescente mundo afora. Como apresentado durante o evento, o consumo de energia nos data centers, sobretudo, pelo processamento de IA deve explodir em 2026, saindo de 460 terawatt-hora (TWh), em 2025, para 1000 TWh, em 2026. E essa preocupação já aparece nos levantamentos da Cisco. 92% dos CEOs ouvidos consideram o consumo de energia por IA em suas avaliações.
“Temos COP 30 esse ano e é um tema importante quando a gente olha capacidade produtiva e consumo. Como comentei, o consumo de terawatts-hora é crescente, como gerir tudo isso? O alto consumo gerado por essas capacidades de produção está ligado à evolução, as empresas precisam trazer arquiteturas mais otimizadas de consumo”, resumiu Mucci.
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