Conectando pesquisa, inovação e negócios, a terceira edição do Tech Day, realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo, discutiu aplicações e implicações da Inteligência Artificial na prática. Com diversos painéis trazendo professores e profissionais de mercado para discutir e apresentar questões sobre o tema, o evento contou ainda com espaço dedicado a start-ups, algumas delas apoiadas pelo GVangels..
Os professores Alcides Peron (FECAP) e Guilherme Casarões (FGV EAESP) trouxeram uma importante visão da IA e geopolítica, mostrando como vivemos um mundo tripolar na questão de corrida tecnológica entre China, Estados Unidos e Russia. E estas disputas geopolíticas afetam a economia do mundo todo, com países querendo reduzir suas vulnerabilidades e priorizando segurança nacional. E a IA entra onde nesta história? Hoje informação é fonte de poder e os governos buscam dominar não somente questões bélicas, mas questões de infraestrutura que sustentam o processamento de dados e IA. Pode-se dizer que o novo poder cobiçado é o controle social por meio dos dados, da informação (ou desinformação infelizmente).

Quem controla a IA? Qual capacidade tem para influenciar de forma global? Estas questões são complexas uma vez que IA tem muitos contornos políticos, não só tecnológicos. Quanto maior o controle da informação, maior o controle sobre a população e mais capacidade de comando o governo terá. Hoje a maior parte dos avanços em IA partem de países desenvolvidos, que tem estratégias bem definidas para a Inteligência artificial, em contraponto à países africanos, do leste europeu e alguns da América Latina que ainda patinam em desenhar e aplicar estratégia para IA. Hoje a soberania dos países também é digital, medida pela capacidade de influência global e de garantir a segurança e liberdades individuais em seu território.
Para mostrar a realidade das aplicações de Inteligência Artificial em diversos setores, foram apresentados cases de empresas de diversos setores. Cristiano Nóbrega, Chief Data & AI Officer da Totvs, afirmou que a estratégia de sucesso da companhia está baseada em 4 pilares: IA, dados, governança e cultura. Segundo Nóbrega, foi implementado um sistema que possibilita controlar o orçamento de cada área para uso em IA sem perder a agilidade de contratação/implantação, conciliando a importância do aprimoramento tecnológico e a questão financeira, com uma governança de forma responsável sem travar possibilidades. Foi frisado que a IA só funciona se houver uma adequada gestão dos dados que serão consumidos e há uma cultura para que os profissionais de todos os níveis tenham acesso à informações adequadas, colaboradores com a função de multiplicar o conhecimento e a metrificação, para que possa ser entendida a cadência dos indicadores.

O uso da inteligência artificial também avança no setor público, conforme apresentou Carlos Eduardo Torres Freire, diretor do Centro de Ciência de Dados para Estatísticas Públicas da Fundação SEADE (agência de estatística do governo de São Paulo). É fato que as fontes de dados mudaram, hoje as informações podem vir de cadastros sociais, coleta por sensores, informações fiscais, uso de celular. E para se adequar a esta nova era, a SEADE desenvolveu uma IA para pesquisa amostral via telefone, onde se faz desde a transcrição do áudio até a classificação dos tópicos, sendo uma alternativa de menor custo e maior agilidade além de possibilitar a identificação de novos temas pertinentes nas respostas recebidas. Outros países já utilizam ferramentas semelhantes, como Canadá e a União Européia. Carlos ainda destacou a importância, principalmente em órgãos públicos, dos protocolos de uso de IA e mostrar com transparência o que foi tratado com Inteligência Artificial.
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