
Você não leu errado. A gigante chinesa presente em boa parte da infraestrutura de telecomunicações no Brasil e com participação crescente em equipamentos para data centers estava fora do mercado brasileiro de smartphones e relógios inteligentes. A promessa agora é um retorno com força total. Além de trazer sua linha de smartphones considerada premium, com modelos dobráveis Mate X6 e Mate Ultimate Design, vendidos por preços que vão de R$ 22.999,99 a 32.999,99, a fabricante apresentou seus relógios inteligentes que deram um salto em qualidade, design e sensores que permitem acompanhar uma série de indicadores de saúde.
Os dispositivos conhecidos como vestíveis, aliás, integram boa parte da estratégia da fabricante. De acordo com dados da IDC, a Huawei se tornou a empresa que mais embarca esse tipo de aparelho, tendo um acumulado de 200 milhões de embarques. Os relógios apresentados em evento São Paulo, que marcou o retorno da fabricante a esse segmento no Brasil, reforçam o foco em mensurar indicadores de saúde como, por exemplo, oxigenação, pressão arterial e a função ecocardiograma, com precisão superior à da concorrência. A afirmação contou com o suporte do conhecido médico Drauzio Varella.
Maratonista há mais de 30 anos, o especialista destacou a importância de acompanhamento de tais indicadores para praticantes de esporte, especialmente corrida e outros que exigem muito do físico. O smartwatch Watch 5, por exemplo, apresenta sensor para mensurar pressão arterial com a ponta do dedo o que garante maior precisão, algo fundamental, na visão de Varella, já que pressão arterial é um assassino silencioso.
“Muitas vezes falamos que a pessoa tem pressão alta e ela responde dizendo que nunca sentiu nada. Temos a crença do sintoma, de que virá uma dor de cabeça, mas na maioria das vezes não existe sintoma”, explicou, ao apontar que dispositivos vestíveis terão papel importante na sociedade mais digitalizada, mas também mais estressada. Acompanhar oxigenação, pressão arterial e qualidade do sono, se tornam, assim, fundamentais para uma vida mais saudável e até para prevenir problemas mais sérios.
Estratégia ampliada
Mas mais que voltar ao Brasil com gadgets de ponta e mostrar o quanto avançou em tecnologia e design, a Huawei usou o evento para mostrar e reforçar sua posição em pautas que antes não ganhavam tanto destaque nesse tipo de evento, como ESG. “Sustentabilidade é parte fundamental da nossa estratégia”, afirmou Cintia Lima, diretora de relações públicas da fabricante, ao iniciar a apresentação de indicadores e projetos que a fabricante participa no Brasil e no mundo.

O grupo como um todo, incluindo a parte de redes e equipamentos para data centers mencionados no início deste texto, está presente no Brasil há 27 anos e tem em sua estratégia de ESG 4 grandes pilares: inclusão digital, proteção ambiental, segurança e confiabilidade e ecossistema saudável e harmonioso.
Há 15 anos, talvez, fosse impensável uma apresentação que reforçasse tal foco vindo de uma empresa na China, onde o foco na produtividade e liderança de mercado era evidente. Mas o país como um todo tem passado por uma série de mudanças e esforços que vão do avanço dos carros elétricos, redução de poluição em cidades industriais como Shenzhen, arborização e até busca por soluções para despoluição de rios, como o Rio Yangtze, e construção de cidades mais inteligentes.
Mas voltando à Huawei, na parte de inclusão digital, por exemplo, a companhia afirma ter impactado positivamente mais de 510 mil alunos globalmente em mais de 850 escolas mundo afora, conectado 120 milhões de pessoas em comunidades remotas e beneficiado com diferentes tecnologias mais de 8 milhões de pessoas com deficiências visual e auditiva. No caso de pessoas com deficiência, um exemplo é o aplicativo StorySign, que é uma plataforma de alfabetização pensada em pessoas com deficiência auditiva que, por exemplo, traduz livros para Língua Brasileira de Sinais (Libras).
Em proteção ambiental, a empresa garante trabalhar pela construção de uma economia circular e de baixo carbono. Entre os números apresentados está 1.4 trilhão de Kwh de energia verde gerada por clientes que utilizam as soluções de energia digital da fabricante, além da extensão da vida útil de mais de 1 milhão de dispositivos. Por fim, em um projeto aplicado na Ilha de Marajó (PA), em parceria com o Instituto Chico Mendes, que utiliza computação em nuvem e inteligência artificial (IA) para monitorar e preservar a biodiversidade da região.
A força da Huawei parece residir em não se prender ao passado, entender o tempo presente e projetar um futuro muito baseado em pesquisa. Como lembrou o CMO global da empresa, Shao Yongzhen, a companhia é, atualmente, detentora de mais de 150 mil patentes e investe 20% da receita em pesquisa e desenvolvimento. Sobre a nova aposta no Brasil, ele diz: “Embarcamos mais de 200 milhões de vestíveis. Somos pequenos no Brasil, mas é uma jornada.”
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