O Instituto de Biociências (IB) da Unesp em Rio Claro, que abriga o Centro de Pesquisa em Dinâmica da Biodiversidade e Mudanças do Clima (CBioClima) aposta na forte captação de recursos públicos e privados para financiamento de projetos científicos de grande impacto. Uma receita que vem se mostrando bem-sucedida com foco na colaboração acadêmica com o setor produtivo e interação com a comunidade local.
Ao todo, o IB conta com cerca de R$ 70 milhões previstos para projetos temáticos no horizonte de cinco anos. Já o CBioClima, primeiro Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid) com sede na Unesp, possui financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) de R$ 40 milhões, com duração de 10 anos. O programa Cepid é destinado à criação de centros para pesquisas de caráter internacional que estejam na fronteira do conhecimento.
“O Cepid permite a produção de ciência de ponta, contribuindo para formar pesquisadores altamente qualificados”, comenta o diretor do Instituto de Biociências de Rio Claro, professor Adalgiso Coscrato Cardozo.
Sob a liderança da pesquisadora Patrícia Morellato, o CBioClima prioriza a equidade de gênero na ciência. As mulheres são maioria dentre os cem participantes, desde bolsistas de graduação até pesquisadores de pós-doutorado e associados.
Além do financiamento da agência de fomento, recebe investimento privado em pesquisa aplicada, com destaque para parcerias com empresas como Bayer e Syngenta. O trabalho desenvolvido pelo professor Osmar Malaspina, do Laboratório de Ecotoxicologia e Conservação de Abelhas, é um dos frutos dessa colaboração.
Referência em patentes
“No passado, havia resistência a parcerias com o setor privado, mas essa mentalidade mudou. Hoje, entendemos que essas colaborações são não apenas viáveis como essenciais, desde que conduzidas com transparência e responsabilidade”, detalha Malaspina, professor sênior do Departamento de Biologia Geral e Aplicada do IB. “Meu laboratório, por exemplo, só pôde funcionar graças ao financiamento de empresas”.
As parcerias também resultaram no aporte de R$ 300 mil para construção de meliponário e oficina em uma escola rural do município, voltados à preservação de abelhas e educação ambiental. Além disso, viabilizam pesquisas sobre genética de insetos e polinização de laranja.
Outras inovações científicas realizadas no IB incluem projetos de restauração ecológica, coordenados por Alessandra Fidelis, voltados à recuperação de áreas degradadas após incêndios no campus, e pesquisas integradas em biodiversidade e mudanças climáticas, com escopo internacional por meio do CBioClima. E, ainda, produção de ciência aplicada com impacto social, como referência nacional e internacional na interface entre biodiversidade, clima e sociedade.
O IB também é referência em registro de patentes e inovação docente, com destaque para professores reconhecidos como Célio Haddad (Academia Brasileira de Ciências) e Mauro Galetti (Prêmio Jabuti Acadêmico, 2024). Fundado em 1957 e incorporado à Unesp em 1976, o instituto já formou 6.933 alunos nos cursos de Ciências Biológicas, Ecologia, Educação Física e Pedagogia.
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